CRÔNICAS AVULSAS: DOS TAIS É O REINO

Hoje levei minha irmã no laboratório A+ do grupo Fleury, em breve ela fará uma cirurgia e me abandonará temporariamente nos treinos de corrida; e justo agora que estávamos conseguindo realizar 5 Km em menos de 30 minutos – e estávamos nos preparando para uma prova dessa quilometragem prevista para o início de fevereiro do ano que vem. Coisas e necessidades da vida: acontecem e fazem parte.

Enquanto a aguardava, presenciei uma cena de opostos. Num canto da sala de recepção uma menina de aproximadamente uns 7 anos de idade, se divertia correndo de um lado para o outro (dava saltinhos que me fizeram lembrar das lendárias bailarinas azuis do Degas) e distribuía sorrisos a todos. Já do outro lado, um homem de aproximadamente uns 35 anos esbraveja com um funcionário sobre a demora para realizar o seu exame. Estava tão alterado (e numa cena tão patética) que as veias do seu pescoço estavam saltadas e davam a impressão que poderiam explodir a qualquer momento. Pobre coitado.

Penso que a emoção é a rainha da vida. E o nosso estado emocional influi diretamente no funcionamento do nosso organismo, mostrando a enorme importância de se “direcionar” as emoções para se viver em equilíbrio. Logo, se estamos tristes, irritadiços ou nervosos lançamos hormônios de péssima qualidade no nosso próprio organismo, provocando mal-estar físico. Então não se deve alimentar raiva nunca e muito menos guardar rancor; pois tais sentimentos só vão deteriorar a nós mesmos. Por isso que Platão já dizia: “A primeira e melhor vitória é conquistar a própria natureza. Ser conquistado por ela é a derrota mais vergonhosa e abominável.”

Todos podem controlar a sua mente, alimentado-a com impulsos de pensamento à sua escolha. Tal privilégio é acompanhado da responsabilidade de usá-los construtivamente. Assim como administramos os pensamentos, todos podem comandar o seu destino terreno. Nós podemos influenciar diretamente o ambiente – e até controlá-lo em alguns aspectos, dando à vista a feição que desejarmos, ou abrir mão dessa possibilidade, lançando-se ao “oceano das circunstâncias” e vagando para lá e para cá, ao sabor das ondas.

Voltando a ilustre bailarina de hoje, creio que ela deu uma verdadeira aula de comportamento a todos; pois nos ensinou muitas coisas, e talvez as principais sejam: que devemos aprender a filtrar nossos pensamentos e sermos mais leves com a vida. O seu lindo sorriso foi com um bálsamo para a minha alma.

Talvez por isso que o próprio Cristo reconheceu sua importância (aliás, essa afirmação aparece por três vezes nos Evangelhos sinóticos) quando ele disse que: “dos tais (crianças) é o Reino dos Céus".

E disso eu não tenho a menor dúvida...

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