segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CRÔNICAS AVULSAS: SANTA PACIÊNCIA!


A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA OU RELÓGIOS MOLES (1931) DE SALVADOR DALÍ

Ter paciência é uma arte! E a vida é uma bela tela em branco aguardando as cores dos nossos pincéis; sempre a nos ensinar o melhor traço. Por ser uma arte a paciência, ela torna-se para poucos, como a própria arte é em si. Não que seja excludente, mas não são todos que apreciam as obras de Salvador Dalí, Degas, Monet, Picasso, Van Gogh...
Assim como são poucos que possuem: paciência.

Não sou assíduo aos salões de beleza, aliás, sou bem metódico nesse aspecto, corto meu cabelo sempre com o Zezinho e que me lembre há anos não vou a outro salão de cabeleireiros (que é o mais perto de salão de beleza que frequento) que não o dele. Mas, minha namorada adora fazer suas unhas e sobrancelhas, final de semana sim, final de semana não, lá estou eu a acompanhá-la. No começo cometia o grave erro de ir sem nada para ler, daí logo me fatigava com as notícias frívolas das revistas Caras, Contigo (diga-se de passagem, sempre em números antigos) e nunca entendi por que não colocavam as revistas do mês; talvez os próprios donos saibam que no fundo ninguém lê com seriedade aquilo tudo, nem dá a mínima importância, então para que gastar dinheiro com revistas novas e atualizadas?

Nessas minhas andanças sinto-me às vezes desolado, pois a maioria predominante é de mulheres (clientes e funcionárias) raramente homens aparecem como eu. Certa feita tive de escutar isso de uma dona de salão em São Bernardo do Campo, a quem fui apresentado pela Ana Paula: “Hoje é seu teste de paciência”. Passei com louvor no teste, graças à salvadora companhia de Jorge Luis Borges, pois estava lendo uma biografia sua, que é excelente por sinal.

Contudo, devo confessar que em minha vida nunca foi à paciência meu forte. Nunca mesmo. Ainda hoje luto com ela, às vezes ela vence às vezes eu venço. Quando perco, sempre reflito que poderia ter tido outra atitude, me refaço, recolho meus cacos e procuro ser melhor da próxima vez, assim sigo caminhando e embora o caminho seja tortuoso é a melhor opção a ser seguida – sempre.

Os chineses em seu imenso volume de provérbios, certa vez disseram: “Um momento de paciência pode evitar um grande desastre; um momento de impaciência pode arruinar toda uma vida.” Sempre que estou numa situação complicada – isso sempre me vem à mente. Paro. Penso. Mudo.

A vida fica mais leve quando aprendemos a ter paciência (conosco mesmo e com os outros). E precisamos sempre aprender a andar sobre essa ponte dupla: ser paciente, mas não ao ponto de deixar as coisas abandonadas à própria sorte e sermos ansiosos, mas não ao ponto de não sabermos esperar.

Nunca existirá lugar para a sabedoria onde não houver paciência. Reflita...


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