sábado, 4 de outubro de 2014

EXCERTOS DA 7ª ARTE (PARTE XIX)

Fazia tempo que não assistia a um filme brasileiro. Mas, recentemente assisti: “Somos Tão Jovens” do diretor Antônio Carlos da Fontoura, que fez outras películas notáveis. Nesse filme somos imersos na vida de Renato Russo e como não poderia ser diferente, experimentamos múltiplas sensações, assim como experimentamos quando ouvimos suas músicas – extremamente inteligentes e profundas.
O roteiro do filme foca a vida de Renato Russo entre 1975 e 1985, período em que o músico se aprofundou no rock e na literatura, formou o Aborto Elétrico, viveu o seu período de trovador solitário e, por fim, montou a Legião Urbana. A vida de Renato era movida por sonhos e isso fica bem nítido no filme. Como também fica claro, que ele nesse período ainda estava se descobrindo, tanto no aspecto musical quanto na própria vida. Ponto notável e digno de nota, é que todas as músicas cantadas no filme foram cantadas pelo ator Thiago Mendonça, que não só possui um timbre bastante semelhante com o cantor, como também é bem parecido fisicamente com o próprio Renato Russo.
A forma como as principais músicas do Renato Russo tomaram corpo e foram criadas é um ponto bem interessante no filme, pois vemos que os eventos que iam acontecendo em sua vida e que lhe marcavam, ele ia transformando em música. E para as pessoas na faixa etária dos 30 a 40 anos, que conhecem suas músicas, quando assistimos ao filme entendemos os “porquês” de muitas colocações suas nas letras. É como se desvendássemos as engrenagens que formaram as letras das músicas e os motivos e sentimentos delas.
O filme ainda nos convida a ouvir. Eu gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca ouve.
Creio que todas as artes têm por objetivo oferecer prazer aos sentidos. Na poesia, o prazer se faz com as palavras. Na escultura, com ferro, pedra, madeira. Na pintura, com luz e sombras. Na música, a beleza se faz com sons e silêncios – mas para tanto é necessário ouvir e o filme nos toca nesse sentido. É necessário aprender a educar os sentidos, pois quando fazemos isso despertamos neles possibilidades inventadas de prazer. Criamos novas possibilidades de prazer. A música é puro prazer...
Somos Tão Jovens é um filme excelente – nos faz experimentar novas sensações e quando ouvirmos novamente a Legião Urbana, suas letras ganharam um sentido totalmente novo.
Uma pena, que como ele mesmo cantou em “Por Enquanto”:
“Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba”
O Renato Russo se foi, mas suas letras ainda continuaram por muitos e muitos anos – ecoando por nossas vidas. Como naquela frase do Machado de Assis em uma estátua sua na entrada da ABL do Rio de Janeiro:
“Esta a glória que fica, eleva, honra e consola”.
E disso – não tenho a menor sombra de dúvida! Viva Renato Russo!
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