terça-feira, 2 de junho de 2009

EXCERTOS DA 7ª ARTE (PARTE IV)



ALUCINAÇÃO PARCIAL: SEIS APARIÇÕES DE LÊNIN SOBRE O PIANO (1931), DE SALVADOR DALÍ

O filme: “O ÚLTIMO REI DA ESCÓCIA”, nos brinda com uma atuação brilhante de Forest Whitaker. E não foi por pura sorte, que esse excelente ator chegou a ganhar o Oscar e o Globo de Ouro, em 2007 – ambos de melhor ator. Whitaker vive o papel de Idi Amin, um ditador da Uganda, visto pelos olhos de Nicholas Garrigan (James McAvoy), um jovem e recém formado médico escocês; que cai nas graças de Amin (tornando-se seu médico particular). O ditador nutria uma verdadeira paixão pela Escócia.
Inspirado em pessoas e fatos reais, esse longa caminha sobre o suspense e nos mostra belas interpretações, e as loucuras de Idi Amin, que certa feita afirmou: “Eu mesmo me considero a figura mais poderosa do mundo.”

Um fato em especial me chamou demais a atenção no filme, que foi o poder de discurso de Amin. Que durante um bom tempo, cegou o jovem médico, fazendo com que ele acreditasse que as intenções do ditador eram sinceras e justas, voltadas única e exclusivamente para o povo pobre e carente da Uganda. Ledo engano.
Por isso, que Michel Foucault, em 1970 na sua aula inaugural no Collège de France, intitulada: “A ordem do discurso”, afirmou que: “Por mais que o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as interdições que o atingem revelam logo, rapidamente, sua ligação com o desejo e com o poder. Nisto não há nada de espantoso, visto que o discurso – como a psicanálise nos mostrou – não é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o desejo; é, também, aquilo que é o objeto do desejo; e visto que – isto a história não cessa de nos ensinar – o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar.”
Acredito que Hitler, também tinha um grande dom como orador. E através dessa facilidade e munido da sua ideologia, seu discurso conseguiu arrebatar e agregar o povo alemão, para uma das mais nefastas empreitadas bélicas vista pela humanidade.

Acredito que a ideologia dos discursos, tem um poder bem maior do que pensamos. Logo é necessário estar advertido, atento as suas manhas e as armadilhas em que nos faz cair. A ideologia oculta a verdade dos fatos, com o uso da linguagem/discurso para penumbrar ou opacizar a realidade ao mesmo tempo em que nos torna “míopes”. Uma fala, que ouço em muitos lugares, que é produto dessa ideologia é: “Por que devo entender sobre política?” ao que uma voz no meu interior sempre brada e me faz recordar de Marthin Luther King Jr: “PIOR QUE O GOVERNO DOS MAUS, É O SILÊNCIO DOS BONS”. É por isso, que devo não só aprender, mais ter uma memória política, para que na hora de votar – possa dar minha resposta...

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