quarta-feira, 23 de junho de 2010

EXCERTOS DA 7ª ARTE (PARTE VIII)



Estátua de Bronze de Hachiko, no Japão, cuja raça é Akita, o filme foi baseado em fatos REAIS!


No livro: “Manifesto Comunista”, Karl Marx disse: “Tudo que é sólido se desmancha no ar [...]”. O passado não é mais, o futuro ainda não é; o esquecimento e a improvisação são fatos naturais. E o ser humano, é dobre por natureza e não consegue ser constante em seus caminhos. Intermitentes, isso que somos, sejamos sinceros para nós mesmos, pois como dizia Nietzsche: “A pior mentira é a que contamos a nós mesmos.”

Hoje em dia então falar de valores universais, corremos o sério risco de sermos execrados e muitos menearem a cabeça para nós.
Falar sobre fidelidade numa era em que bilhões de pessoas, como diziam os cearenses: “Não sustentam sentados o que disseram a pouco em pé” é pedir para ser apedrejado.
Eis, porém, que surge para rompermos com nossas próprias idiossincrasias um filme tocante: PARA SEMPRE AO SEU LADO, cuja sinopse retirada do Wikipédia nos diz:

“Um professor universitário encontra cachorro abandonado na estação de trem e o leva para sua casa e eles formam uma amizade muito forte. Todos os dias o cachorro Hachiko acompanha o seu dono até à estação de trem, que o leva até à universidade, e o cachorro volta para a estação na hora exata em que o professor volta para casa. Um dia, o professor, repentinamente, morre durante a aula. O cachorro continua indo à estação de trem todos os dias à procura de seu dono, por 10 anos. Durante a espera pelo dono, que nunca voltará, Hachiko toca o coração de todos que passam por perto por ficar sempre no mesmo lugar esperando seu dono com a sua paixão, fidelidade e amizade ao dono.”

Vejamos e arrazoemos; trata-se de um filme simples - drama. Mas é belo e profundamente tocante ao mesmo tempo, e desconfio que as coisas mais belas dessa vida, estão nas coisas mais singelas do nosso viver. Pena que perdemos muito disso, em nossa cultura massificada e louca pelo consumismo exacerbado, notadamente, perdemos a capacidade de ver; melhor de reparar, pois como dizia o Livro dos Conselhos: “Se podes OLHAR, vê. Se podes ver, REPARA.

O grande mestre V. Jankélévitch, Traité dês vertus, II: Lês vertus et l’amour; t.1, cap. 2, Flammarion, 1986, p. 140-142, lança um feixe de luz sobre isso:

“A fidelidade é ou não louvável? “Conforme”, ou seja: depende dos valores a que se é fiel. Fiel a quê? (...) Ninguém dirá que o ressentimento é uma virtude, embora ele permaneça fiel a seu ódio ou a suas cóleras; a boa memória da afronta é uma má fidelidade. Tratando-se de fidelidade, o epíteto não é tudo? E há ainda uma fidelidade às pequenas coisas, que é mesquinharia e tenaz memória das bagatelas, repisamento e teima. (...) A virtude que queremos não é, pois, toda fidelidade, mas apenas boa fidelidade a grande fidelidade.”

A fidelidade só deve dirigir-se ao que vale a pena, e proporcionalmente – se ouso dizer, já que se trata de grandezas por natureza não-quantificáveis e palpáveis – ao valor do que vale. Fidelidade primeiro ao sofrimento, à coragem desinteressada, a amizade sincera e pura, ao amor...
Portanto, fidelidade está no princípio de toda moral.

“E ser fiel, para o pensamento, não é recusar-se a mudar de idéia (dogmatismo), nem submeter suas idéias a outra coisa que não a elas mesmas (fé), nem considerá-las como absolutos (fanatismo); é recusar-se a mudar de idéia sem boas e fortes razões e – já que não se pode examinar sempre – é dar por verdadeiro, até novo exame, o que uma vez foi clara e solidamente julgado. Fidelidade à verdade, antes de mais nada, depois à lembrança da verdade (à verdade conservada): este é o pensamento fiel, isto é, o pensamento.” (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, de André Comte-Sponville, ed. Martins Fontes, pg. 30-31)

Esse filme foi indicação de um amigo meu de infância, o Fernando. Que o considero como meu irmão, aliás, sempre digo para ele, e para Jair (vulgo Bicudo), que eles são meus dois irmãos que nunca tive. E quão bom é ter a amizade deles. Como dizia Gilberto Freyre:

“Uns colecionam medalhas de ouro; outros imagens de santos; uns, prata; outros marfins e diamantes, eu coleciono AMIGOS.”

Vida eterna a nossa amizade e fidelidade recíproca. E nada mais justo que uma foto, que tiramos na Cooperifa para finalizarmos e eternizarmos esse texto para lá de filosófico...





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1 comentários:

  1. Brother não tenho nem o que comentar só sei que nossa amizade é sincera acima de tudo cara espero que dure até ao fim de nossas vidas......

    Cara você é um grande irmão esta no meu coração.

    FERNANDO

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