sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

COOPERIFA 2011





Agora em 2011 a Cooperifa completará 10 anos de vida – muito bem vividos por sinal, distribuindo poesia a granel e muita reflexão para todos que freqüentam o sarau literário, mais famigerado da zona sul de São Paulo. Adoro o mantra da abertura do sarau, entoado pelo Sérgio Vaz e que já se tornou diuturno:

“Todos são bem-vindos, todos, de todas as raças, cores e dores.”


Creio que a Cooperifa, antes de qualquer coisa é um espaço democrático, onde a democracia acontece de fato, pois todos têm a oportunidade de demonstrarem sua poesia e isso é de uma riqueza inestimável, já que por noite passam quase 60 poetas dos estilos mais variados possíveis. Dessa forma, torna-se impossível sair incólume.

Mario Quintana em sua infinita sabedoria, disse que: “O leitor de poesia é também um poeta. E não é o leitor que descobre o poeta, mas o poeta é que descobre o leitor, que o revela a si mesmo.” O poeta que me descobriu foi Fernando Pessoa, e por diversas vezes compartilhei sua poesia nesse sarau e isso para mim é um lenitivo, já que não tenho o sagrado dom de criar poesia, contudo, adoro recitar ela, e como disse Quintana acima – também sou um poeta, talvez às avessas, mas o que importa?

Tempos atrás, ouvi numa livraria na Av. Paulista, duas pessoas (ditas cultas) argumentando que os saraus, e principalmente os saraus afastados do grande centro, não tinham: cultura. Porém, qual o critério de poder julgar o trabalho dos outros e dizer, do alto de sua sabedoria, o que é bom e o que não é? Quem decreta que A é um bom pintor, que B é cultíssimo, que o livro C é bom ou ruim ou que D é cultura? Quem consagra ou destrói, quem ousa penetrar nesse misterioso mundo da cultura? Quem tem o direito de falar sobre a qualidade do trabalho de um poeta ou de um sarau?

Penso que somos, todos nós, únicos, com nossos gostos e preferências, e que devemos olhar para tudo o que é feito em nome da cultura com nossos próprios olhos, e não pelos daqueles que são considerados – não sei por quem – os únicos que sabem.

Não resistindo à conversa deles, perguntei:
- Vocês já foram num sarau de bairro?
A resposta, imediata deles, como pensei foi:
- Nunca fomos.
Ao que disse:
- Eis a explicação de tamanha ignorância e mente tacanha.

A despeito disso, dia 12/01/2011 a Cooperifa retorna de férias, e teremos novamente as noites mágicas e ardentes de poesia. E nunca esqueçam:

“O silêncio é uma prece.”

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