quarta-feira, 18 de maio de 2011

3º CONGRESSO INTERNACIONAL DE JORNALISMO CULTURAL - REFLEXÕES DO PRIMEIRO DIA: 17/05/2011

_Daysi Bregantini (editora da revista CULT) e Werner Herzog (Cineasta alemão).



_Fotos: Fabio Zanzeri

A Daysi Bregantini declara no editorial da revista CULT de fevereiro/2011, seu eterno amor ao excelente escritor: Caio Fernando Abreu. Eu declaro minha sincera admiração pelo prosador mineiro: Fernando Sabino (1923-2004) e com ele inicio minha reflexão:

“Por mais que cariocas, paulistas, mineiros, gaúchos ou nordestinos sejam diferentes uns dos outros, há qualquer coisa que os identifica em qualquer lugar do mundo como brasileiros: o seu espírito de independência e seu apego à liberdade, que um dia acabarão fazendo realmente do Brasil um país grande.”

Passaram-se mais de seis anos, após sua partida em (2004) e hoje quando me debruço sobre o 3º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural – 2011, para fazer uma reflexão é impossível não retomar essa frase sua – lapidar. Aliás, acredito que seja impossível sair incólume a qualquer coisa que ele escreveu.

Destarte atitudes como essas promovidas e idealizadas pela sonhadora Daysi Bregantini, são ações concretas (pois não ficam somente na esfera das boas intenções, que dizem os especialistas e doutos em ditados diuturnos que: o inferno está cheio de boas intenções). Pois bem, ela passa a largo disso. A começar pela própria revista CULT, que vai na contramão dessa avalanche de revistas que não nos agregam nada; um exemplo disso é a revista CARAS, elucubre caro leitor, o que ela lhe ensina de reflexão? O que lhe agrega de valores, inquietações e de senso crítico essa revista? Se você conseguir a proeza de achar algo disso que relatei, me avise – por favor...
O próprio nome da revista já diz tudo o que ela se propõe a ser e fazer. Sem contar as inúmeras revistas que só enfocam a vida pessoal dos artistas, em detrimento da sua própria arte.

E aqui a palavra arte, anda desconectada da vida dos nossos ditos “artistas” que fazem parte no “mainstream” atual, pois não passam de efêmeros e atendem pela alcunha de: “celebridades”. Óbvio que isso não é artista. Nisso fico com a letra do Marcelo D2: “Desabafo” – vejamos o que ele diz e nos ensina:

“Grandes planos, paparazzo demais
O que vale é o que você tem e não o que você faz
Celebridade é artista, artista que não faz arte
Lava a mão como pilatos achando que já fez sua parte...”


Ou como dizia a cantora gaúcha – Elis Regina (1945-1982): “Eu quero é ter vida privada, e não privada na vida.” Pena que as revistas: Contigo e Caras (para ficarmos somente nas grandes – em termos de circulação) pensem diferente disso, também puderá, as massas imbecelizadas pela própria televisão, ajudam a manter essa roda viva do suplício de Tântalo, porém, que ninguém se tenha por inocente nessa história, retomo a mesma música do D2:

“O cidadão por outro lado se diz, impotente,
mas
A impotência não é uma escolha também
De assumir a própria responsabilidade
Hein?”


Cabe salientar aos não entendidos, que esse congresso partiu da idéia dessa ilustre mecenas das letras: Daysi Bregantini.

Nesse primeiro dia destaco dois ilustres personagens. O primeiro o excelente cineasta alemão: Werner Herzog, que nos brindou com um excelente senso de humor e um banho de conteúdo, sobre o verdadeiro significado do que vem a ser a 7º arte de verdade. A radicalidade em tudo é o fio que perpassa toda sua obra cinematográfica; que é prolífera. Sem esquecer sua perspectiva de inventar um cinema novo, que vai além, desse popularmente de entretenimento: hollywoodiano – que vemos aos borbotões nas salas de cinema dos shoppings centers de São Paulo.

Numa época em que grassa falências, e vemos isso através do diretor dinamarquês: Lars Von Trier, indicado à Palma de Ouro, em Cannes nesse ano de 2011, que disse abertamente:

"Sempre gostei de achar que fosse judeu, mas minha família é alemã e na verdade eu sou nazista, o que me dá certo prazer."


"Mas eu entendo Hitler. Ele fez coisas erradas, mas entendo o homem, simpatizo com ele. Não sou contra judeus, mas os israelenses são um pé no saco."


Poder ver e ouvir Werner Herzog, falar sobre cinema e da sua vasta obra; é a mesma sensação que um errante no deserto, quando encontra um oásis. Destarte, vamos para suas falas, que adorei por sinal e compartilho aqui com vocês algumas:

• “Além do Twitter, MSN, FaceBook, existe algo lá fora, é isso que estou tentando fazer e filmar”;
• “Nós estamos nos perdendo no mundo irreal da internet”;
• “Todos os filmes do Glauber Rocha (o maior cineasta brasileiro) nos ilumina”;
• “Eu invento o cinema, como se ele nunca tivesse existido”.


Na outra ponta, destaco a péssima palestra do Enrique Vila-Matas, escritor espanhol, considerado “o escritor dos escritores”. Tem 31 livros publicados em cerca de 30 países. É premiado não só na Espanha, mas também na França. Em 2001, quando A viagem Vertical (Cosac Naify) ganhou o prêmio Rómulo Gallegos, foi alçado ao primeiro time dos escritores contemporâneos.

Em minha opinião ele pecou em dois pontos cardeais, a saber:

1 – Sua palestra começou às 17h, e já víamos de uma enorme estafa mental e física devido ao amplo conteúdo explorado até então (sua palestra foi à última) dessa forma esperava algo mais didático, para explicar a nebulosa e hermética: “A Teoria de Lyon” (que foi o mote de sua palestra). Aliás, se alguém conhece essa tal teoria e puder explicar para esse insipiente escritor do que ela se refere, fico imensamente grato leitor virtual (e-mail: marcelo.caldas7@gmail.com). Digo isso, pois o ilustre e famigerado “o escritor dos escritores” simplesmente começou lendo um trecho de um pequeno livro (que presumo que seja de autoria sua) e depois continuou na leitura de outras folhas em papel A4, que até onde tive paciência e consegui contar, ultrapassaram a marca de cinco páginas, como lia em espanhol, por ser espanhol (obviamente) foi intragável o tempo nos tomou e não compreendi nada.

2 – Para fechar com chave de ouro, fiz uma pergunta para o mesmo, sobre algo que consegui assimilar com muito custo (ainda que com tradução simultânea) quando ele tocou de leve em algo que desconhecia: “Os cinco pontos do romance do futuro”. Então, perguntei ao mesmo se poderia nos explicar mais detalhadamente o que viria a ser esses pontos tão importantes. Ao que o mesmo ao entender a minha pergunta, simplesmente, disse ao mediador: Paulo Roberto Pires, nesses termos:

“Eu levaria um dia inteiro só para explicar esses pontos. Aliás, eu explodi esses pontos em minha literatura.”

Minha mãe (Neuza De Oliveira Caldas) muito sábia, e ainda, que não tenha publicado nenhum livro em vida e muito menos cursado uma Universidade; ensinou-me desde idade tenra, que:

“Se não conseguimos explicar com simples palavras e resumidamente, algo que reputamos por um grande pensamento, seja ele complexo ou não; é sinal de que ainda não dominamos tal assunto”.

Pois bem, ilustríssimo e famigerado “o escritor dos escritores” não conseguiu me responder isso e tergiversou e foi embora para sua pátria amada.

Uma coisa que fico pensando cá com meus poucos botões de neurônios que Deus me deu é: “o que leva um sujeito a sair da Espanha, vir até o Brasil para dar uma palestra, e se esquivar de uma simples pergunta?”

Já sei, o simples gosto de viajar de avião, e estar sob a luz da ribalta; só pode ser isso oh vaca sagrada indiana, que atende pelo nome de: “o escritor dos escritores”.


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1 comentários:

  1. Marcelo, adorei seu blog, obrigada.

    Daysi M. Bregantini

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