domingo, 5 de junho de 2011

3º CONGRESSO INTERNACIONAL DE JORNALISMO CULTURAL – REFLEXÕES DO QUARTO DIA: 20/05/2011 – GRAND FINALE



28 Millimetres: Face2Face, in action on the Seprataion wall; Security fence, Jerusalém. March 2007.

Extraído do site: http://jr-art.net (em 05-06-2011).


Demorei-me!

Sim, não nego. Fiz de propósito, pois queria dar um tempo mais do que suficiente, para saber se teria algum retorno das minhas perguntas (que fiz a granel) no referido Congresso supracitado; em todos os dias.

Calma, eu explico. As perguntas que não iam para a mesa de debate, ficavam em follow-up e seriam respondidas posteriormente pelo palestrante ou sua assessoria, via e-mail; tanto é que tínhamos esse campo de e-mail no formulário específico de perguntas. Deveras o tempo se passou, e hoje quando cá estou a deitar essas palavras no meu blog, do último dia do Congresso (20/05/11) se passaram exatos 16 dias corridos e nada de resposta. O que houve? Propaganda enganosa? Desdém?

A Daysi Bregantini, editora e Presidenta da revista CULT e idealizadora do evento, que me desculpe (muito embora tenha entrado no meu blog e elogiado o mesmo, no meu primeiro post sobre o evento, pois tivemos a oportunidade de nos conhecermos) ela somado ao SESC Vila Mariana; deixaram vários “gaps” nesse evento, que espero ter apontado com clareza aqui no meu blog, principalmente no tocante as perguntas e respostas...

Pois bem, posto as devidas considerações e sem esticar muito o “chiclete” vamos ao cerne da questão: a reflexão.

No “DEBATE – A RELAÇÃO ENTRE CINEMA E CRÍTICA”, que foi mediado pelo jornalista: Alcino Leite Neto, tendo como palestrantes: Isabela Boscov, jornalista e editora de crítica de cinema da revista VEJA; Ricardo Calil, jornalista da revista TRIP, crítico de cinema do jornal Folha de São Paulo e documentarista e por fim Hector Babenco – cineasta (que é excelente por sinal) cito alguns filmes, indicações e prêmios do mesmo e vocês entenderão do que estou falando.

O filme Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), considerado o melhor filme estrangeiro pelas associações de críticos de Los Angeles e de Nova York. Dirigiu O Beijo da Mulher-Aranha (1985), que recebeu quatro indicações para o Oscar: diretor, filme, roteiro adaptado e ator. William Hurt, protagonista do filme, levou a estatueta de Hollywood e a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Babenco fez, ainda, Carandiru (2003) e O Passado (2007), entre outros, e dirigiu a peça teatral Hell (2010) detalhe importantíssimo: é argentino, contudo, mora no Brasil, e eis uma pérola do mesmo que adorei: “Sou um anarquista solitário, não pertenço a nenhuma tribo.”

Babenco literalmente “engoliu” o mediador e demais da mesa. Foi sensacional suas colocações e postura. Sempre firmes e enérgicas. Nunca, porém, desrespeitosas. Eis algumas falas do mesmo que pude anotar só para vocês entenderem:

• “O bom crítico é aquele que quer discutir o que viu; que quer desvendar, desnudar o filme.”
• “Eu cresci querendo ter a vontade de ser um homem do mundo.”
• “Só se sentiria feliz, se minha obra fosse para o mundo.”
• “O cinema se transformou numa espécie de picolé da Kibon.”
• “Eu não leio a crítica de cinema, porque não quero que me contem o filme. Isso é o que ocorre com a crítica aqui no Brasil.”
• “Eu vivo sem a crítica muito bem.”
• “Uma crítica que dá bolinhas ou estrelinhas para um filme, não merece minha atenção.” Disse isso se referindo a Isabela Boscov.


Por fim, ouvi da própria Daysi Bregantini: “Isso sim, foi um debate de verdade!” E de fato foi mesmo! Excelente!

Adoro os filmes do cineasta franco-suíço: Jean-Luc Godard e principalmente essa frase sua:

"O cinema não é um ofício. É uma arte. Cinema não é um trabalho de equipe. O diretor está só diante de uma página em branco.”


Contudo, o que poderíamos dizer sobre os críticos de cinema? Os mesmos têm a oportunidade única de ver os filmes em: avant première. E o que vocês acham do trabalho que é feito desses críticos de arte aqui no Brasil? Tacanhos? Excelentes? Julguem vocês mesmos...

Contudo, pare e pense – muitos não se dão conta, que em muitos casos temos um trabalho às vezes de um ano inteiro passando bem na frente dos nossos olhos na tela do cinema. E mesmo assim, eles (críticos) se sentem aptos e no direito de julgar aquilo tudo na base de estrelinhas ou bolinhas, com sinopses medíocres, pífias e medonhas que mais parecem os 140 caracteres do lixo do Twitter, onde contam a “historinha” do filme, eis que pergunto: “Isso é crítica da 7ª Arte?”

No meu blog, tenho uma série de posts intitulados: “EXCERTOS DA 7ª ARTE” onde faço a crítica de filmes e fico feliz em saber que meu pensamento é semelhante ao que Babenco pensa, sobre a crítica: “É tentar iluminar um pouco a idéia do filme”. Bom, se consigo isso ou não, é opinião tua caro leitor. De qualquer forma, caso não consiga atingir essa iluminação, continuarei tentando...

Novamente Godard: “Cultura é regra. A ARTE é exceção”. Essa exceção e a excelência, é o que sempre vou buscar em tudo que colocar minhas mãos e o que me vier até elas também...


PALESTRA: CONVERSANDO COM O JORNALISTA E ESCRITOR ESTADUNIDENSE JON LEE ANDERSON
Mediador: Marcos Flamínio Peres, jornalista da Revista CULT.


A priori, vamos contextualizar o nosso “ilustre” personagem dessa palestra: Jon Lee Anderson, norte-americano, jornalista e escritor. Especializou-se em temas políticos latino-americanos, além de conflitos modernos, incluindo os do Afeganistão, Iraque e Líbia. Criou uma referência sobre a forma de escrever perfis, tendo feito o de importantes personalidades, tais como Fidel Castro, Gabriel García Márquez, Augusto Pinochet e Hugo Chávez. Publicou os livros Che Guevara: Uma Vida Revolucionária e A Queda de Bagdá (editora Objetiva), entre outros. É repórter especial da revista The New Yorker.

Posto isto, vamos em frente...

Ver um americano falando sobre a guerra é sempre muito interessante. Pois são arrogantes e colonizadores – natos. E na fala de Jon Lee Anderson isso ficou implícito. Achei muito interessante sua colocação sobre a morte do famigerado: Osama bin Laden, eis que o mesmo disse:

“Acho que Osama foi executado e não assassinado.”

Ou seja, no seu entendimento e ele deixou isso bem claro: executar é preciso. O sujeito era uma ameaça mundial – blá, blá, blá... Como se isso fosse alguma novidade alvissareira.

Quando nos foi aberto para perguntas, mandei várias, as quais nenhuma subiu a mesa do mediador, foi digamos “bloqueada” no núcleo do evento, que avaliava todas as perguntas, para posteriormente ir para o mediador. Fiz perguntas simples e que não eram de caráter subversivo, eis as mesmas:


• “O art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de (1948) diz que: parágrafo I: ‘Toda pessoa tem o direito a uma nacionalidade’ e parágrafo II: ‘Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade’. O que o senhor poderia nos dizer sobre as torturas (que são proibidas em todo o mundo) e as práticas deploráveis de guerra, feito pelo vosso país (EUA) em Guantánamo-Cuba, infringidas aos prisioneiros que lá estão? Detalhe, muitos são civis e isso já foi comprovado.”

• “Porque vosso país apóia tanto Israel, mesmo sabedor das práticas hediondas feitas na Faixa de Gaza, contra os palestinos (estima-se que de civis foram vitimados algo em torno de 1.400 pessoas), que consta no relatório elaborado em setembro de 2009, por Richard Goldstone juiz Sul-Africano e judeu; apresentado a ONU, cujo nome é: ‘Operação Chumbo Fundido’. Poderia me explicar isso, por favor?”

• “Você como americano, poderia me dizer se vosso país respeita a Declaração Universal dos Direitos Humanos de (1948)?”

• “O que o senhor poderia nos dizer sobre o filme do vosso compatriota: Oliver Stone, chamado: ‘Ao Sul da Fronteira’?


Nenhuma dessas perguntas foram para a mesa, e olhem que são perguntas simples... Por que motivo será?

Bom, paro por aqui. Nunca li nada do Jon Lee Anderson, e acho que nunca o lerei por opção minha; completamente ideológica.
Se for para indicar um autor nessa mesma linha, eu recomendo: “CADEIA DE COMANDO – A GUERRA DE BUSH – D0 11 DE SETEMBRO ÀS TORTURAS DE ABU GHRAIB”, autor: Seymour M. Hersh, editora Ediouro.

Por fim, termino com o grande mestre: Santo Agostinho de Hipona:

“Na essência somos todos iguais, nas diferenças nos RESPEITAMOS.”


Porém, como estamos distantes (mundialmente falando) de nos respeitarmos...

***

0 comentários:

Postar um comentário