domingo, 24 de julho de 2011

CRÔNICAS AVULSAS: DE BRAÇOS ABERTOS



Foto retirada do site: http://jr-art.net (em 24/07/2011) - Start Sending Now for Inside out Project.


Os romanos tinham por hábito viverem a seguinte frase: “mens sana in corpore sano”, ou seja, “uma mente sã num corpo são”. Confesso que sou adepto também a tal frase, e adoro correr. Numa das minhas estadias na cidade de Socorro – SP, decidi ir correndo da casa dos meus tios, que fica perto do ginásio municipal de esportes até o Mirante do Cristo, percorrendo toda a estrada municipal do Cristo Redentor. Atividade um tanto puxada e que tive um razoável desgaste pra cumprir, mas quando cheguei ao topo, todo suor que escorria em bicas pelo meu corpo, foi recompensado de forma maravilhosa pela visão panorâmica e belíssima que pude contemplar da cidade. Um verdadeiro deslumbramento dos olhos e do coração. Pois como dizia Antoine Saint-Exupéry, no seu mágico livro O pequeno príncipe: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.”

Impossível não se lembrar do Cristo Redentor do Rio de Janeiro, que foi considerado uma das sete maravilhas do mundo recentemente, motivo de grande orgulho pra todos nós – brasileiros, quando cheguei ao Mirante do Cristo socorrense. Mas, no mesmo instante em que ele me veio à mente, veio também uma lembrança da música: “Um trem para as Estrelas” do Cazuza, que conhecia como poucos a alma dos cariocas, e cantava assim: “Estranho o teu Cristo, Rio / Que olha tão longe, além / Com os braços sempre abertos / Mas sem proteger ninguém”. De fato a nossa segurança anda cada vez mais arriscada, não só no Rio de Janeiro, mas em qualquer lugar do Brasil. Não temos mais proteção.

Contudo, mesmo a despeito dessa criminalidade e barbaridade a granel que temos visto na televisão todos os dias, o Cristo Redentor socorrense e o carioca, ainda continuam imponentes e de braços abertos a nos receber e a olhar-nos, quem sabe, esperando de nós uma mudança. Aliás, essa mudança irá ocorrer operada por nós, pois, creio que Deus não irá fazer o que nos compete e está ao nosso alcance.

Ainda com o deslumbrando nos olhos e no coração com a magnífica visão contemplada, voltei correndo e refletindo pra casa, e cheguei à conclusão que algumas coisas e pessoas que passam por nós, não vão sozinhas e não nos deixam sós. Acabam invariavelmente e inexoravelmente deixando um pouco de si (alguns deixam muito, outros nem tanto) e levam também um pouco de nós.

Do Cristo Redentor socorrense, levo muitas coisas boas e um belo ensinamento silencioso sobre a esperança por novos e melhores tempos...

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PS. Essa crônica fui publicada no Jornal da Cidade de Socorro, em 22/07/2011, edição 33. http://jornal.redecidade.inf.br

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