domingo, 23 de setembro de 2012

CRÔNICAS AVULSAS: IMPRESSÕES IMPRESSIONISTAS


O TOCADOR DE PÍFANO (1866) DE ÉDOUARD MANET

Foi o filósofo escocês David Hume (1711-1776) quem disse que uma sociedade em que uma parcela significativa da população cultiva a sensibilidade tem mais chances de dar certo. Ele se referia às atividades que, em seu tempo, eram consideradas artes (pintura, música etc.), mas não apenas a elas. Referia-se também a morar bem, aprimorar o paladar, vestir-se com gosto. Para Hume, quem sobe fruir dos prazeres da vida desenvolve também o sentido de honra e ética. Num ambiente assim, surgiriam, entre outras coisas, líderes mais justos e governantes melhores.

Compartilho do otimismo do filósofo escocês, numa época em que cada vez mais brasileiros têm acesso a comida, diversão e arte. E é com esse espírito que podemos ampliar nosso leque de assuntos, para fugir das trivialidades.

Uma excelente opção nesse sentido é conferir a exposição: IMPRESSIONISMO: PARIS E A MODERNIDADE – OBRAS PRIMAS DO MUSEU D’ORSAY, no Centro Cultural Banco do Brasil, que ficará em exposição até 07 de outubro.

Estive lá na semana passada e apesar da fila, cada minuto que passei apreciando as 85 obras da escola impressionistas vindas desse museu singular de Paris, valeram e muito a pena.

Cabe salientar que o museu d’Orsay, em Paris, é um dos mais espetaculares do mundo por uma rara conjugação: seu edifício suntuoso e sua esplêndida coleção. Sua sede é adaptada a partir de uma estação de trem, construída por ocasião da Exposição Universal, de 1900. Majestosa, sua monumental nave central foi mantida pela reforma que lhe deu origem. Nesse suntuoso salão encontra-se uma inigualável coleção, de um período bastante específico da história da arte: 1848 a 1914, o que significa basicamente obras impressionistas e pós-impressionistas.

Esse momento, afinal, teve mesmo Paris como o local onde os modernistas criaram uma nova forma de sensibilidade artística, fugindo do realismo acadêmico e em busca da liberdade de expressão. Assim, não é apenas por coincidência que o Museu d’Orsay tenha se tornado o destino final de obras-primas de artistas como Cézanne, Matisse, Manet, Picasso, Degas, Toulouse-Lautrec, Van Gogh, Pissarro, Monet, Renoir etc.

Adoro uma citação de Charles Baudelaire: “Todos os pintores antigos foram, no seu tempo, modernos: muitos dos esplêndidos retratos que nos ficaram de uma época passada estão vestidos com as roupas do seu tempo. E são de uma harmonia perfeita, porque o vestido, o penteado e também o gesto, o olhar, o sorriso (todas as idades têm um aspecto, um olhar e um sorriso) constituem um conjunto pleno de vida.”

Ao admirar cada tela, estilo, cores, técnica, texturas, sensibilidade dos artistas é impossível sair incólume a exposição. Um verdadeiro deslumbrando e prazer dos olhos – pois também como disse o poeta: constituem um conjunto pleno de vida. E quanta vida há nesses quadros, e aos que sabem apreciar, um excelente convite se oferta...

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