A LIBERDADE GUIANDO O POVO (1881) DE EUGÈNE DELACROIX
O caminho se faz é ao caminhar, e o bom dele é haver volta, pois, para ida sem vinda – já basta o tempo, que nos leva tudo impiedosamente e sem pedir licença. Mas, determinados caminhos que traçamos para nossas vidas, nunca mais podem ter volta. Alejandro Alonso nasceu dentro do triângulo de Jerez de la Frontera, El Puerto de Santa María e Sanlúcar de Barrameda na Espanha, ninguém até hoje soube precisar em qual município. Sua família era dona da tradicional vinícola Aguirre, que por muitos anos foi à principal da região e a mais prospera; até que devido uma sórdida trama política, foram enxotados de Jerez. Não é a toa que a política é a arte de mentir tão mal que só pode ser desmentida por outros políticos; o que no caso da família Alonso, pela ausência de supostos amigos nesse meio, nunca puderem reverter o quadro mentiroso que apregoaram a respeito deles.
Desalojados da promissora região de Jerez, e, com Alejandro Alonso ainda pequeno, tiveram de se submeter a outras bodegas de produção vinícola, das intermediações de Jerez, que eram exploradoras em sua totalidade, e só podiam vender sua própria produção para Jerez. Não viviam – sobreviviam. Desolados e pobres só tinham uma única vantagem: saber esperar. Um esperar sem dor. Pois é espera sem esperança.
O menino Alejandro Alonso cresceu vendo o sofrimento e o ódio encarnado na face dos seus pais, devido à forma traiçoeira como foram expulsos de Jerez. Ainda pequeno entrou para o trabalho penoso das vinhas, e pode presenciar do que o ser humano é capaz no ato de subjugar o outro. Quando atingiu a fase adulta viu o declínio da saúde de seu pai, que culminou com uma enfermidade de seis meses, até vir a falecer e ser enterrado sem as devidas honras no cemitério dos miseráveis. Passados alguns anos, foi à vez de sua mãe, que faleceu pouco antes da batalha de Guadalete, travada em 31 de julho de 711, na Espanha, entre Árabes e Visigodos.
Alejandro Alonso foi um homem do povo e um orador nato. Embora quase sem nenhuma formação acadêmica, foi um leitor voraz de tudo que lhe caia nas mãos. Astuto como era, enquanto muitos previam tempos ruins com a batalha de Guadalete, ele viu oportunidades; pois sempre acreditou que não devemos desperdiçar nunca uma crise. Após a batalha que culminou com a devastação total das vinhas de Jerez, não perdeu tempo, uniu todo o povo oprimido e com um discurso tenaz arrazoador, convenceu todos a invadirem Jerez e tomarem posse de tudo, expulsando os atuais proprietários fragilizados com a batalha e implantarem um sistema mais justo da distribuição das terras e rendas.
Após uma resistência inútil por parte dos proprietários de Jerez à nova invasão dos explorados, comandados por Alejandro Alonso, que viviam à margem de Jerez, ele pôs fim ao reinado dos poderosos e todos que não fugiram foram mortos sem piedade.
Não era tanto a pobreza que o machucava. Mais grave era a riqueza dos barões do vinho de Jerez, germinada sabe-se lá em que obscuros ninhos de sua mente, que o impulsionava. E a indiferença dos poderosos para com a miséria de seus irmãos. Esse era o ódio de Alejandro Alonso fermentava contra eles, e que teve sua quitação de contas, com um verdadeiro massacre a sangue frio, como nunca antes visto.
Fez as pessoas esquecerem que o mesmo homem que enchia os pulmões e clamava a todos, para se unirem em torno de um único objetivo: uma vida livre, próspera e melhor, as estava manipulando, despudoradamente, para impor obediência. E também descuidarem que a diferença entre idealismo obstinado e cegueira deliberada é tênue. Ou que certeza moral pode descambar facilmente para intolerância.
Fato é que não basta que seja pura e justa a nossa causa. É preciso que a pureza e a justiça existam dentro de nós, para que seja realmente feito uma revolução de verdade. E isso passou longe do coração de Alejandro Alonso. Aliás, a verdade é como um covil de escorpiões. Se reconhece não pela vista, mas pela picada. Não passou muito tempo e Alejandro Alonso, expôs seu veneno; pois é assim a ganância do homem: uns possuem, outros são possuídos pelo dinheiro. Alejandro Alonso pertencia aos que foram: possuídos.
Decorrido algumas semanas, passou a implantar seu novo plano, que consistia numa verdadeira exploração, ainda pior que a imprimida de outrora pelos antigos coronéis do vinho. Os que discordavam, tiveram rapidamente suas vozes abafadas e foram mortos, com a mesma virulência com que mataram os ricos, quando invadiram Jerez. Quando caíram em si, perceberam que tinham se submetido a Alejandro Alonso e ao seu grupo de poder. Notaram que não passavam de massa de manobra e tinham uma participação simbólica na vida de Alejandro Alonso, tiveram a doce ilusão de que atuavam em algo revolucionário, quando, na realidade, não fizeram mais que submeter-se aos que atuam e converteram-se aos ideais deles.
O maior carrasco do homem é ele mesmo, e o mais injusto dos homens é aquele que não reconhece isso. Em vida, Alejandro Alonso nunca se reconheceu. Os heróis são exatamente os que ontem buscavam a união para a libertação e não os que, com o seu poder, pretendiam dividir para reinar. E quando finalmente o povo acordou para isso, era tarde demais...
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Desalojados da promissora região de Jerez, e, com Alejandro Alonso ainda pequeno, tiveram de se submeter a outras bodegas de produção vinícola, das intermediações de Jerez, que eram exploradoras em sua totalidade, e só podiam vender sua própria produção para Jerez. Não viviam – sobreviviam. Desolados e pobres só tinham uma única vantagem: saber esperar. Um esperar sem dor. Pois é espera sem esperança.
O menino Alejandro Alonso cresceu vendo o sofrimento e o ódio encarnado na face dos seus pais, devido à forma traiçoeira como foram expulsos de Jerez. Ainda pequeno entrou para o trabalho penoso das vinhas, e pode presenciar do que o ser humano é capaz no ato de subjugar o outro. Quando atingiu a fase adulta viu o declínio da saúde de seu pai, que culminou com uma enfermidade de seis meses, até vir a falecer e ser enterrado sem as devidas honras no cemitério dos miseráveis. Passados alguns anos, foi à vez de sua mãe, que faleceu pouco antes da batalha de Guadalete, travada em 31 de julho de 711, na Espanha, entre Árabes e Visigodos.
Alejandro Alonso foi um homem do povo e um orador nato. Embora quase sem nenhuma formação acadêmica, foi um leitor voraz de tudo que lhe caia nas mãos. Astuto como era, enquanto muitos previam tempos ruins com a batalha de Guadalete, ele viu oportunidades; pois sempre acreditou que não devemos desperdiçar nunca uma crise. Após a batalha que culminou com a devastação total das vinhas de Jerez, não perdeu tempo, uniu todo o povo oprimido e com um discurso tenaz arrazoador, convenceu todos a invadirem Jerez e tomarem posse de tudo, expulsando os atuais proprietários fragilizados com a batalha e implantarem um sistema mais justo da distribuição das terras e rendas.
Após uma resistência inútil por parte dos proprietários de Jerez à nova invasão dos explorados, comandados por Alejandro Alonso, que viviam à margem de Jerez, ele pôs fim ao reinado dos poderosos e todos que não fugiram foram mortos sem piedade.
Não era tanto a pobreza que o machucava. Mais grave era a riqueza dos barões do vinho de Jerez, germinada sabe-se lá em que obscuros ninhos de sua mente, que o impulsionava. E a indiferença dos poderosos para com a miséria de seus irmãos. Esse era o ódio de Alejandro Alonso fermentava contra eles, e que teve sua quitação de contas, com um verdadeiro massacre a sangue frio, como nunca antes visto.
Fez as pessoas esquecerem que o mesmo homem que enchia os pulmões e clamava a todos, para se unirem em torno de um único objetivo: uma vida livre, próspera e melhor, as estava manipulando, despudoradamente, para impor obediência. E também descuidarem que a diferença entre idealismo obstinado e cegueira deliberada é tênue. Ou que certeza moral pode descambar facilmente para intolerância.
Fato é que não basta que seja pura e justa a nossa causa. É preciso que a pureza e a justiça existam dentro de nós, para que seja realmente feito uma revolução de verdade. E isso passou longe do coração de Alejandro Alonso. Aliás, a verdade é como um covil de escorpiões. Se reconhece não pela vista, mas pela picada. Não passou muito tempo e Alejandro Alonso, expôs seu veneno; pois é assim a ganância do homem: uns possuem, outros são possuídos pelo dinheiro. Alejandro Alonso pertencia aos que foram: possuídos.
Decorrido algumas semanas, passou a implantar seu novo plano, que consistia numa verdadeira exploração, ainda pior que a imprimida de outrora pelos antigos coronéis do vinho. Os que discordavam, tiveram rapidamente suas vozes abafadas e foram mortos, com a mesma virulência com que mataram os ricos, quando invadiram Jerez. Quando caíram em si, perceberam que tinham se submetido a Alejandro Alonso e ao seu grupo de poder. Notaram que não passavam de massa de manobra e tinham uma participação simbólica na vida de Alejandro Alonso, tiveram a doce ilusão de que atuavam em algo revolucionário, quando, na realidade, não fizeram mais que submeter-se aos que atuam e converteram-se aos ideais deles.
O maior carrasco do homem é ele mesmo, e o mais injusto dos homens é aquele que não reconhece isso. Em vida, Alejandro Alonso nunca se reconheceu. Os heróis são exatamente os que ontem buscavam a união para a libertação e não os que, com o seu poder, pretendiam dividir para reinar. E quando finalmente o povo acordou para isso, era tarde demais...
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É isso ai...e qual será o destino do nosso país...e agora da nossa cidade...iludida pelos herósi como "Alejandro Alonso"....
ResponderExcluirBoa hora para a crônica...lamentável o resultado das últimas eleições..ainda bem que Salvador e Manaus mostraram que nem tudo está vermelho....