domingo, 15 de março de 2015

CRÔNICAS AVULSAS: O MILAGRE DA LITERATURA


“Quem escreve ou pinta ou ensina ou dança ou faz cálculos em termos de matemática, faz milagre todos os dias.”
_Clarice Lispector

Não sou um homem de milagres!

Aliás, chego a dizer que nunca um sequer me aconteceu ou vi acontecer na vida de outras pessoas, quer sejam amigos ou desconhecidos. Mas, o Guimarães Rosa, maroto como sempre, nos ensina com sua monumental frase que:

“Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.”

Talvez os deuses tenham me roubado as lentes para ver isso...

Mas, tenho algo, sim, algo muito peculiar que aconteceu em minha vida desde o ventre da minha mãe, que acho eu, seria um belo milagre: a literatura. E se não for, creio que em pouco tempo o alto clero de Roma a canonizará.

Minha mãe lia Monteiro Lobato enquanto ainda estava em seu ventre. Cresci rodeado de livros, que foram os meus primeiros amigos e continuam fiéis até hoje. Leio de tudo...

Literatura para mim é um milagre!

E um milagre dos grandes! Sim, desses do porte de Moisés que caminhou com o povo hebreu pelo Mar Vermelho, que se abriu por inteiro, e logo em seguida o Faraó e sua comitiva foram engolidos por essas águas ao tentarem se aproximar deles.  

Vejo a folha como um espaço para registro das mais sublimes idéias. Texto é o infinito em que a criatividade funde-se a um mundo de possibilidades; um ponto nunca é um ponto final: é a abertura da surpresa contida na próxima frase ou convite a uma expressão gráfica daquilo que está em minha mente. Por isso escrevo e escreverei enquanto houver fôlego em mim. E por meio destas páginas que me fascinaram quando ainda era um feto no ventre de minha mãe a ouvir o que ela lia para mim; que a literatura me picou. Penso que a literatura é um dos convites mais desafiadores possíveis. O limite da criatividade não está no fim da folha: se ele existir, ele está em você caro leitor, e pede para ser extrapolado.

Persista na busca do inovador, do diferente. A sua iniciativa é a sua forma de se expressar: ela cria diálogos e, com diálogos, novos mundos se abrirão em sua vida. Leia, pois sem a literatura a vida não tem sentido. E sem ela não existirão esses novos mundos.

Se há algum milagre em minha vida, ele é esse: literatura! Aliás, literatura para mim é quando ela desce do pedestal acadêmico e beija os pés da comunidade.

E é isso que tenho feito com a Prefeitura de Socorro, Livraria Martins Fontes e Prefeitura de Lençóis Paulista e quiçá a Livraria Cultura ao promover encontros que venham trazer a tona esse milagre, esse pão sagrado e tão precioso para mim – que atende pelo nome de: LITERATURA! Que ela seja sempre farta ao ser repartida com todos à mesa e que esse banquete seja memorável.

Que esteja sempre ao alcance de todos (acessível, como tem de ser) como minha mãe me ensinou e legou.

Obrigado mãe, pois senão fosse você – nada disso teria acontecido em minha vida...

Soli Deo Gloria
***


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