“Quem
escreve ou pinta ou ensina ou dança ou faz cálculos em termos de matemática,
faz milagre todos os dias.”
_Clarice Lispector
Não sou um homem de milagres!
Aliás, chego a dizer que nunca
um sequer me aconteceu ou vi acontecer na vida de outras pessoas, quer sejam
amigos ou desconhecidos. Mas, o Guimarães Rosa, maroto como sempre, nos ensina
com sua monumental frase que:
“Quando
nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.”
Talvez os deuses tenham me
roubado as lentes para ver isso...
Mas, tenho algo, sim, algo
muito peculiar que aconteceu em minha vida desde o ventre da minha mãe, que
acho eu, seria um belo milagre: a literatura. E se não for, creio que em pouco
tempo o alto clero de Roma a canonizará.
Minha mãe lia Monteiro Lobato
enquanto ainda estava em seu ventre. Cresci rodeado de livros, que foram os
meus primeiros amigos e continuam fiéis até hoje. Leio de tudo...
Literatura para mim é um
milagre!
E um milagre dos grandes! Sim,
desses do porte de Moisés que caminhou com o povo hebreu pelo Mar Vermelho, que
se abriu por inteiro, e logo em seguida o Faraó e sua comitiva foram engolidos
por essas águas ao tentarem se aproximar deles.
Vejo a folha como um espaço
para registro das mais sublimes idéias. Texto é o infinito em que a
criatividade funde-se a um mundo de possibilidades; um ponto nunca é um ponto final:
é a abertura da surpresa contida na próxima frase ou convite a uma expressão
gráfica daquilo que está em minha mente. Por isso escrevo e escreverei enquanto
houver fôlego em mim. E por meio destas páginas que me fascinaram quando ainda
era um feto no ventre de minha mãe a ouvir o que ela lia para mim; que a
literatura me picou. Penso que a literatura é um dos convites mais desafiadores
possíveis. O limite da criatividade não está no fim da folha: se ele existir,
ele está em você caro leitor, e pede para ser extrapolado.
Persista na busca do inovador,
do diferente. A sua iniciativa é a sua forma de se expressar: ela cria diálogos
e, com diálogos, novos mundos se abrirão em sua vida. Leia, pois sem a
literatura a vida não tem sentido. E sem ela não existirão esses novos mundos.
Se há algum milagre em minha vida,
ele é esse: literatura! Aliás, literatura para mim é quando ela desce do
pedestal acadêmico e beija os pés da comunidade.
E é isso que tenho feito com a Prefeitura de Socorro, Livraria Martins
Fontes e Prefeitura de Lençóis
Paulista e quiçá a Livraria Cultura
ao promover encontros que venham trazer a tona esse milagre, esse pão sagrado e
tão precioso para mim – que atende pelo nome de: LITERATURA! Que ela seja
sempre farta ao ser repartida com todos à mesa e que esse banquete seja
memorável.
Que esteja sempre ao alcance de
todos (acessível, como tem de ser) como minha mãe me ensinou e legou.
Obrigado mãe, pois senão fosse
você – nada disso teria acontecido em minha vida...
Soli Deo Gloria
***
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