quarta-feira, 16 de julho de 2008

1968: QUE TEMPO BOM, QUIÇA ELE PUDESSE VOLTAR

“I have a dream.”

- Marthin Luther King Jr.


Os historiadores e sociólogos dizem que o século XX, na realidade não acabou na virada do ano de 2000, para 2001. E muitos destes pesquisadores, endossam o coro de que este século, acabou no ano de 1968. E que os séculos, não podem mais ser medidos por períodos de cem e cem anos, e sim por eventos. Por exemplo: o século XX, teve seu limiar em 1914 (por causa da primeira guerra mundial) e seu fim foi em 1968. Todavia, por que 1968? Pois justamente, nesse ano tivemos uma infinidade de eventos eclodindo em todos os cantos do mundo, jovens tomando as ruas em protesto ao establishment conservador, senão vejamos:

- Levantes universitários ocorrem em maio na França;
- Ocorre a ofensiva Tet e o massacre de My Lai, no Vietnã;
- As tropas soviéticas invadem a Tchecolosváquia (que culminaram na Primavera de Praga);
- Bobby Hutton, “ministro da defesa” do Partido dos Panteras Negras (Black Panthers Party), é assassinado;
- No México, temos a tragédia da Praça de Tlatelolco;
- A batalha em Chigago, nos EUA, moveu em torno de dez mil manifestantes;
- Foi assassinado Marthin Luther King Jr, que configura como um dos mais notáveis líderes dos EUA;

Destarte, 1968 é um ano atípico na história da humanidade. E para muitos marca um fim de período, em que os ideais morreram. Contudo, a propósito destes quarenta anos decorridos desde então, e pela amplitude que vem tendo, debates e livros publicados sobre este mote, e devido a nossa reflexão sobre o ocorrido, é prova cabal da sua atualidade entre nós, e da sua sobrevivência.

No século XX, tivemos múltiplas formas de poderes opressivos, totalitários e violentos, contra pessoas, como eu e você, que buscavam uma única coisa: liberdade e dignidade, e em busca desse ideal, muitas vidas foram ceifadas, para que obtivessem isso. Heroísmo e coragem andam de mãos dadas, e fazem exaurir a morte, mas neste caso, podemos dizer sem sombra de variação – que os mortos é que são os verdadeiros campeões.




Neste século XXI, temos formas sorrateiras e dissimuladas de opressão, alienação, em que pessoas se deixaram levar, e dão seus corpos, mentes e alma a poderes cuja violência já está alojado dentro deles e à qual, portanto, não poderão fazer qualquer oposição. E se a resignação, conformismo e o egoísmo exacerbado (tão presente neste século) valem menos que a vida, podemos dizer que, nesse caso, sobreviver será uma derrota, a ser compartilhada num mundo de mortos-vivos.

Jean Pierre Vernant, importante ativista político da França, mostra uma luz no fim do túnel:

“A verdadeira coragem está em, no seu íntimo, não ceder,
não se curvar, não desistir. Ser um grão de areia que as
máquinas mais pesadas, aquelas que esmagam tudo
por onde passam, não conseguem destruir.”

E Machado de Assis no seu monumental livro: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, dá um norte:

“Lutar. O essencial é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta é um
mar morto no centro do organismo universal.”

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