Faça chuva. Faça sol. Faça calor ou frio – ele sempre está lá de manhã a inundar meu quarto com sua melodia. Sempre que acordo o ouço cantando em alto e bom som. Não sou expert em ornitologia – mas sei por exemplo que um Curió tem um canto mais belo que o Sanhaço-de-encontro-azul, mas quem se importa?
Há
alguns meses a minha rotina de horários mudou e tenho acordado bem cedo e
quando ainda estou tomando meu café da manhã esse Sanhaço Azul já começa sua
melodia. É algo muito único isso, pois assim que o dia começar e os barulhos
mil da metrópole de São Paulo se aquecerem para o dia que se inicia –
praticamente será impossível perceber seu canto. Em meu modesto ponto de vista:
isso é uma dádiva que recebo com alegria todas as manhãs. Quiçá tivéssemos mais
consciência e ao invés de mais concretos em São Paulo – plantássemos mais
árvores, aí quem sabe mais pessoas como eu ficariam encantadas pelas manhãs e
gratas.
Hoje quando deito essas palavras nessa crônica, foi anunciado pela ONU que a população global atingiu 8 bilhões de pessoas. Ontem na COP27 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) no Egito pelo mapa de vôo da região tinha mais de 400 jatinhos particulares de gente do bem indo defender o planeta e práticas ESG (environmental, social and governance), hipocrisia que fala?
Acredito que um 8º pecado capital nos rodeia
e nos espreita todos os dias: termos olhos e ouvidos e não contemplarmos o
belo. Apenas acontece que essa atitude de achar beleza é uma atitude de quem
olha do céu para a terra e se emociona com as fraquezas de todas as pequenas
criaturas – inclusive a nós mesmos: homens e mulheres.
Eu ouço e olho para essas pequenas belezas das minhas
manhãs e meu coração fica completamente feliz. Outras vezes abro minha janela e
sinto a brisa do vento. Outras vezes encontro um céu carregado – vem chuva aí
com seu cheiro inconfundível. Às vezes o céu está em cor de fogo – sinal de que
o dia vai ter aquele calorão. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu
destino. E eu me sinto completamente feliz.
Como dizia Cecília Meireles:
“Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar e ouvir, para poder vê-las assim”.
Carpe diem – aproveitem o momento...
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