domingo, 14 de dezembro de 2008

CONTO: MEUS BONS AMIGOS

Cazuza cantava assim: “todo mundo é igual quando sente dor”, numa de suas célebres músicas. E faço coro com ele, e tomo a humildade liberdade de acrescentar que:

- A dor abre também nossos horizontes em múltiplos aspectos e ângulos. E nos faz enxergar melhor.

E nunca podemos perder de vista o bordão popular, quando diz que: “O pior cego é aquele que não quer ver!”. Que soa aos nossos aos nossos ouvidos como um alerta, embora nem sempre lhe demos a devida atenção que mereça. Eu, por exemplo caro leitor, ao deitar essas palavras aqui, me encontro acamado, e antes disso, vivia rodeado de amigos, melhor – supostos amigos. E dentre essa alcatéia toda, o que se salvou e demonstrou ser meu verdadeiro amigo, foi apenas um só. Que para não causar ciúmes e nem maus estares, não irei mencionar seu nome aqui. Posto isto, os outros e ditos meus amigos, me deixaram num momento de aziago, e nem sequer me procuram ou ligam para saber como vou passando, muito embora saibam minha situação.

Eis que pairo diante de um dilema, do tipo shakespereano: O que fazer? Bom, após apurada reflexão de muitos dias achei uma saída:

“Aos meus bons amigos lobeiros, eis que lhes declaro com muita satisfação, o meu muito obrigado por terem se revelado a mim nu e cruamente, como são verdadeiramente. Assim, sobrará mais lugar em meus banquetes; e principalmente serei poupado de muitos males e da perca preciosa do meu tempo. Logo, minha dívida para com vocês (por terem extirpado minhas cataratas) é deveras inefável...”


p.s. Qualquer semelhança com os vivos ou mortos, não é mera coincidência. E como constou no epitáfio dessa ilustre personagem acima: AMIGOS VOCÊ NUNCA PERDE, APENAS - CONSTATA QUE NUNCA OS TEVE.


1 comentários:

  1. Belo conto Marcelo. Bela sensibilidade de descrever a realidade da vida. Abraços

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