segunda-feira, 25 de maio de 2009

EXCERTOS DA 7ª ARTE (PARTE III)



Um filme que teve 4 indicações ao globo de ouro e 6 indicações ao Oscar, já são credenciais mais do que suficientes, para vê-lo. Estou falando do longa: “BOA NOITE E BOA SORTE”, que para minha surpresa, foi dirigido e teve a participação do George Clooney. Ambientado nos EUA, na década de 50, durante os primeiros dias de transmissões jornalísticas, o filme relata os embates reais entre o repórter televiso Edward R. Murrow e o Senador Joseph McCarthy. A talentosa equipe jornalística de Murrow, desafiou o governo com nada mais do que a verdade. Não obstante a isso, foram contra seus patrocinadores e a própria emissora. Onde o foco era desmascarar McCarthy, e trazer a tona suas mentiras e impugnar suas táticas dolosas, durante sua “caça às bruxas” comunista.

Diante do empenho desse jornalista e sua equipe, fica até grotesco olhar para o que nossos “jornais televisivos” fazem e o tipo/qualidade da notícia que transmitem. Aliás, estamos muito aquém de maneira geral. Mas vamos nos ater, no principal jornal desse país: o Jornal Nacional, que sem dúvida, é o que mais têm audiência nos lares brasileiros, sendo veiculado de segunda à sábado.

Na revista Carta Capital de 06/12/2005, na matéria assinada por Laurindo Lalo Leal Filho, cujo título é: “De Bonner para Homer”, o principal âncora do país – William Bonner, compara a população média brasileira que assiste ao telejornal, com base numa pesquisa feita pela própria rede Globo, que somos o: Homer Simpson. Pois foi constatado que os brasileiros tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Daí a pecha, de sermos considerados como o Homer, que adora ficar no sofá, em frente à televisão, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. Um preguiçoso contumaz e de raciocínio lento.

Uma reflexão simples e lógica, se William Bonner (que também é o editor chefe do jornal) e sua equipe tem essa percepção dos brasileiros que o assistem semanalmente, que tipo de mensagem ele vai veicular para nós brasileiros?

Dentre os vários diálogos brilhantes do filme, seleciono a monumental fala de Murrow, num discurso. Que pode servir, para analisarmos, filtrarmos, questionarmos e refletirmos mais sobre toda e qualquer notícia que lemos, ouvimos e vemos. Pois na realidade a verdadeira notícia não está nas linhas, mas nas entrelinhas:

“Nossa história é o resultado do que fazemos. Se continuarmos fazendo o que estamos fazendo, a história dará o troco, e a vingança não tardará. De tempos em tempos devemos ressaltar as idéias das informações. Milhões de pessoas ficam mais informadas sobre assuntos que podem determinar o futuro desse país. Aqueles que dizem que as pessoas não se interessam, que são complacentes, indiferentes e alienadas – se tivessem UM OUTRO TIPO DE JORNALISMO, teríamos uma MUDANÇA. O veículo (TV) que serve apenas para divertir e alienar, estará em perigo e a luta foi em vão. A (TV) pode ENSINAR, ESCLARECER e até mesmo INSPIRAR. Mas só poderá fazer isso, se todas as pessoas – ousarem com esse mesmo objetivo; ou será apenas um aglomerado de fios e luzes, numa caixa.”


E como gostava de dizer Edward R. Murrow: “Boa Noite e Boa Sorte”, já no nosso caso, a sorte por si só – não será o suficiente...

***

2 comentários:

  1. Adorei seu blog, com exceção da cor da letra. Pq não tenta inverter? Letras pretas e fundo branco... fica difícil ler do jeito que está, as palavras embaralham e o fundo da tela tb distrai bastante durante a leitura do texto. Sugiro algo menos chamativo.

    ResponderExcluir
  2. Marcelo,

    Ao contrário dos contos, este eu consegui ler aqui na empresa mesmo rsrsrsrsr

    Muito bom o texto, sua crítica tanto ao filme quanto a nossa realidade jornalística é fantástica, pois precisamos de parâmetros para se fazer uma critica comparativa ... Compartilho da mesma opinião que você, “pois na realidade a verdadeira notícia não está nas linhas, mas nas entrelinhas”

    E volto a dizer, sinto imenso prazer em trabalhar com pessoas como você!

    Obs: Fiquei curioso para ver ao filme, vou buscá-lo.

    At.,



    Maurício Lana.

    ResponderExcluir