Sempre tendo em mente e a priori Tchekhov: "é melhor não dizer o suficiente que dizer demais."
Estatueta de bronze, em Ottawa, Canadá - homenagem a Terry Fox (1958-1981).
No princípio, eu ia correndo da minha casa até a escola, creio que algo em torno de 10 Km, diariamente.
O tempo passou célere, assim como a areia que escorre pela ampulheta que esta diante de mim agora, nessa escrivaninha. Hoje, sou homem feito, casado, pai de família e corredor inveterado. Porém, uma doença terminal, me impediu nesses últimos anos de correr, sou como uma andorinha presa na gaiola, e o meu próprio corpo por ironia do destino, outrora tão robusto é o meu cárcere privado.
Meu fim se avizinha, deixo para vocês essa missiva cheia de reminiscências.
Mas nem tudo na vida é cinzento. Aprendi que na arte de viver, tudo tem sempre seus dois lados, e alinhado só a morte. A grande questão é como olhamos para isso, uns só enxergam o lado ruim, outros, contudo, até nas vicissitudes, conseguem extrair para si mesmas, coisas nobres e boas. Pertenço ao segundo pelotão. Nunca se esqueçam disso: se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. Mas não se iludam esse aprendizado de reparar, leva a vida toda...
Assim como nas corridas, as maiores batalhas da vida são travadas na solidão. E na vida, assim como nas corridas, o mais importante é o ato de participar, ainda que a ilusão da vitória nos dê forças para continuar lutando. Dar menos do que o seu melhor é sacrificar o seu dom.
Eu só vim dar uma volta aqui, mas quem me acompanhará nessa última corrida de espírito de viver?
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segunda-feira, 24 de maio de 2010
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