segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O HOMEM QUE ESCULPIU SÃO PAULO



MONUMENTO ÀS BANDEIRAS (1954) DE VICTOR BRECHERET


- Conhecemos as ferramentas... mas não os meios. “Disse um sábio guia turístico do Peru, se referindo a civilização inca, que tanto conquistou sem o privilégio de um alfabeto e sem conhecer a roda, quando foi questionado sobre a engenharia empregada para transportar aquelas enormes pedras pela região montanhosa sem a utilização de rodas, elas formavam um enorme muro de pedras cinzentas e altaneiras, cada uma delas chegando a pesar dezessete toneladas. Foram cortadas a mão e rejuntadas sem argamassa – de modo tão preciso que nem uma folha de papel pode ser inserida entre elas, estão localizadas num platô relvado de Cuzco.”

Li esse relato num dos livros do escritor Philip Yancey, e sempre que passo ao redor do “Monumento às Bandeiras (1954)” um dos lindos cartões postais de São Paulo, fico imaginando a engenharia e trabalho que tiveram para conseguirem trazer as 12 mil toneladas de granito, que vieram de Mauá, para que Victor Brecheret pusesse de pé seu monumento. Mas já na época de Brecheret tínhamos o conhecimento da roda, o que de fato ajudou muito no transporte, mas não foi menos trabalhoso, pois foram necessários 240 blocos maciços, de 50 toneladas cada um, transportados em carroções puxados por mulas, que, sob a orientação direta de Brecheret, chegaram a São Paulo, para construção da sua obra meticulosa. O monumento, enfim inaugurado em 25 de janeiro de 1953, 12 exatos meses antes do 4º centenário de São Paulo, ostenta 50 metros de comprimento, 15 metros de largura e 12 metros de altura.

O obra mostra uma operação dolorosa, de portugueses de barba, servos negros e mamelucos, índios pelados de cruzes nos pescoços, símbolos da sua catequização, em busca da conquista dos cafundós do Brasil. Inscrições nas bases da peça extraordinária desvendam os roteiros que as Bandeiras perseguiam. Versos dos poetas Guilherme de Almeida (1890-1969) e Cassiano Ricardo (1895-1974) completam a aula portentosa a que ninguém assiste...

Uma coisa que me entristece, é que na maioria das vezes que passo ao redor desse monumento tão fantástico, sempre observo que algumas pessoas adoram se encarapitar na obra, fico com o coração doído e ao mesmo tempo não consigo entender tal atitude. Fazem isso por causa de uma mísera foto? Pelo simples prazer de passear por cima do monumento? Confesso que não sei o que leva as pessoas a fazerem isso. Uma coisa notória, é que tais pessoas com essas atitudes demonstram que não sabem contemplar o belo e muito menos prestigiar uma obra de arte. Aliás, creio que essas pessoas nem saibam o nome do artista, nome da obra de arte e sua história, isso só demonstra o quanto ainda estamos atrasados...

Enfim, por essa e por outras tantas obras, Victor Brecheret (1894-1955) emigrado ainda menino da Itália para o Brasil, foi o homem que esculpiu São Paulo.


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1 comentários:

  1. eu gostei mas eu não quero saber de São paulo alias porque eu sou paranaense

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