Meu amigo e poeta Sérgio Vaz, escreveu no seu blog* uma pequena poesia que é muito interessante e proveitosa por sinal, diz assim:
“Leio livros como quem foge das galés.
Cada remada, um livro.
Cada livro um oceano”.
Gostaria de dizer que os livros do Rubem Alves, são como um oceano em particular e quando nele nadamos; torna-se impossível sairmos incólumes.
Ontem tive a grata oportunidade de ver pessoalmente esse pedagogo, poeta, cronista, contador de histórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros e psicanalista no “Sempre Um Papo – do SESC Vila Mariana”. Uma noite memorável.
Foi também o lançamento do seu mais recente livro: “Variações sobre o prazer – Ed. Planeta”, e tivemos um bate-papo para lá de descontraído com o grande mestre.
O que mais chamou a atenção em suas falas foi sua preocupação com o mundo, e em especial a tragédia ocorrida no Japão; sua humanidade falou mais alto, e foi um dos tons que acompanharam a conversa. Adorei sua colocação, quando disse:
“Não agüento mais ver tanta bunda na televisão, devido o carnaval. É uma obscenidade isso que estamos fazendo, enquanto o Japão agoniza”.
E se pararmos para pensar, no próprio Rio de Janeiro, também tivemos uma tragédia na região serrana, há pouco tempo. Daí um questionamento: “Depois de tudo que aconteceu e vimos, era coerente termos o carnaval esse ano?”.
Como o próprio Rubem Alves também disse:
“Até para eu falar sobre esse livro: ‘Variações Sobre o Prazer’, diante dessa catástrofe do Japão é complicado. Pois como falar de prazer numa hora como essa?”.Sábias palavras.
Cornelius Castoriadis, disse: “Honrar um pensador não é elogiá-lo, nem mesmo interpretá-lo, mas discutir sua obra, mantendo-o, dessa forma, vivo, e demonstrando, em ato, que ele desafia o tempo e mantém sua relevância”. Graças a Deus que Rubem Alves, ainda continua vivo e lúcido, pois, sempre nos brinda com livros excelentes que nos tiram da zona de conforto e nos fazem elucubrar. Esse escritor é um daqueles consagrados e seletos, que quando não estiver mais entre nós, sua obra ainda perdurará e não cairá no mar do esquecimento; pois é perene. Seus livros desafiaram o tempo e manterão sua relevância entre nós.
O grande filósofo Merleau-Ponty, dizia que: “A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo.” E numa era em que a bestialidade e empobrecimento intelectual dominam a televisão brasileira, que cada dia que passa arrasa ainda mais os lares brasileiros, com suas infâmias; é de se louvar o pensador Rubem Alves, que surge para todos nós, como um lampião num escuro túnel, a nos iluminar para reaprendermos a ver o mundo; e principalmente: sermos mais humanos.
PS. Lilian Amaral, obrigado pela doce cia nesse encontro.
(*) http://www.colecionadordepedras1.blogspot.com
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Eu que agradeço por me proporcionar este bate papo com o ilustre Rubem Alves.
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