CRÔNICAS AVULSAS: PARA NOSSA TRISTEZA

Moro no País da piada pronta, como bem disse José Simão da Folha de São Paulo ou seria melhor Pindorama como diz Elio Gaspari desse mesmo jornal? Pouco importa, pois queria mesmo é ir embora pra Pasárgada do Manuel Bandeira...

Como isso não é possível, vivo por aqui mesmo – no Brasil. Um país onde um vídeo tosco, postado no YouTube, chamado: “Para Nossa Alegria” teve até a data de hoje, enquanto deito as palavras aqui nessa crônica, aproximadamente 11 milhões de acessos e a tendência é aumentar.

E esse vídeo te leva aonde? Se alguém souber me dar à resposta do que ele acrescenta na nossa vida, fico imensamente grato; pois não vejo utilidade nenhuma no mesmo. Aliás, o que se pode esperar de uma parte da população brasileira que elege um ser que atende pela alcunha de: Tiririca ou que venera esse vídeo?

Enquanto aqui vamos embalados pelo hit: “Para Nossa Alegria” na Síria, a história é outra – diametralmente oposta.

Quando algum assunto me interessa, tenho por costume ir recortando as notícias dos diversos jornais, sobre o mesmo assunto, e dessa forma, transcrevo abaixo as “chamadas em caixa altas” sobre essa temática:

“Mulheres e crianças são executadas na Síria” – Terça-Feira, Mundo – Destak, 13/03/2012;
“Síria espalha minas na rota de refugiados” – Quarta-Feira, Mundo – Destak, 14/03/2012;
“Série de atentados mata 29 na Síria” – Segunda-Feira, Mundo – Destak, 19/03/2012;
“Síria: 8 mil mortos em um ano de revolta” – Sexta-feira, Mundo – Destak, 23/03/2012;
“Síria ignora cessar-fogo e ONU insiste em plano” – Quarta-Feira, Metro, 11/04/2012.

Na Síria ocorre uma hecatombe – aos olhos de toda a humanidade, e o que EU e você fazemos? Nada! Aliás, creio que muitos nem saibam o que ocorre fora do seu “quadrado”. Lá mulheres, homens, idosos e crianças, são esfaqueadas, degoladas e até queimadas, como ocorreu na cidade síria de Homs.

Próximo ás fronteiras com a Turquia e o Líbano, rotas usadas por refugiados para escapar da violência do
país, o ditador Bashar al-Assad colocou minas terrestres. A estimativa é que 200 mil pessoas já fizeram migrações internas para fugir do regime e que 30 mil pessoas conseguiram fugir para a Turquia, Líbano e Jordânia.

Em 22 de março de 2012, a revolta da Síria (motivada pela Primavera Árabe) completou um ano, com saldo de mais de 9 mil mortos, segundo a ONU, e o mundo mergulhado num impasse: como deter o regime do ditador: Bashar al-Assad?

O Irã é o principal aliado de Assad, e caso ocorra uma invasão internacional estaríamos em meio há uma guerra nuclear sem precedentes, já que o Irã dá mostras a todos que tem forte armamento nuclear e que não titubearia em usar a mesma. Fora, isso o exército Sírio é coeso e forte (bem diferente da Líbia – que foi invadida). Como se não bastasse, para que ocorra uma ação armada, seria necessário um consenso internacional, mas o regime do ditador Sírio conta com o apóio da Rússia e China para vetar na ONU ações coercitivas, das militares às sanções econômicas.

Na música Mariô do Criolo, adoro uma parte que ele resume bem tudo isso:

“Atitudes de amor devemos samplear
Mulatu Astatke e Fela Kuti escutar
Pregar a paz, sim, é questão de honra
Pois o mundo real não é o Rancho da Pamonha”.

Contudo, muitos acreditam que o mundo real – seja o Rancho da Pamonha.

Para nossa tristeza...

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