sábado, 15 de dezembro de 2012

CRÔNICAS AVULSAS: GUANTÁNAMO MENTAL


PRISÃO DE GUANTÁNAMO EM CUBA

Dias desses voltando para casa (e como sempre, com muito trânsito) no intervalo da leitura de um livro, olhei para o lado e vi uma enorme academia. Era uma dessas noites de calor abrasador em São Paulo, e a academia estava apinhada de pessoas: homens e mulheres. Todos em busca do corpo ideal, mas será que o corpo ideal existe? Será que é isso o que realmente importa numa relação? Ou será isso o fator determinador a se manter a perenidade numa relação amorosa? Digo isso, pois creio que a maioria malha não por um estilo de viver, mas, sim para que outras pessoas (geralmente do sexo oposto) notem, admirem e despertem interesse nelas. E agora com o verão então se aproximando, todos ficam loucos com seus corpos. Pobres diabos!

Isso se passou numa segunda-feira e no sábado e domingo (anterior) zapeando pelos canais de televisão aberta, me detive em alguns programas que visam ajudar as mulheres e homens a encontrarem finalmente: o amor de suas vidas. Tanto na Record como no SBT, nesses programas que vi (aliás, nem são dignos de divulgar os seus nomes, uma porque não lembro e outra que por serem tão ruins – não valeriam à pena) o ponto máximo dos candidatos era quando eles levantavam suas camisas e mostravam a barriga “tanquinho”. Notei risos e olhares fatais das mulheres que estavam ali para escolher a sua mercadoria - quando isso acontecia e as outras mulheres (platéia) ficavam em histeria total. Pronto: o circo estava armado.

Deixo bem claro que não tenho a famigerada barriga “tanquinho” e que muito menos – seja um invejoso inveterado dela. Pelo contrário, se o leitor ou leitora que me lê, acompanha esse blog, bem sabe que adoro correr e sempre que posso faço menção disso por aqui. A questão é que no mundo que vivemos tudo se inverteu e o real sentido e significado das coisas foram se diluindo com o passar dos anos. Tenho dúvidas reais de que as pessoas que fazem academia hoje, sequer saibam realmente de onde ela surgiu e qual era o seu real propósito.

Contudo, nunca é demais explicar, haja vista que o problema não é não sabermos sobre determinados assuntos, o problema é não querermos aprender – pois aí sim a ignorância vira uma tragédia!

Pois bem, Platão fundou a sua própria escola nos arredores de Atenas, num bosque que levava o nome do legendário herói grego Academos. Por causa disso, a escola de filosofia de Platão recebeu o nome de Academia. Desde então, centenas de milhares de academias foram fundadas no mundo inteiro.

Contudo, na academia de Platão ensinavam-se filosofia, ética, matemática, geometria...

Embora “ensinar” talvez não seja a melhor palavra nesse contexto. Isto porque também na academia de Platão o diálogo vivo era o que mais importava. Assim, não é por acaso que o diálogo foi à forma escolhida por Platão para registrar por escrito sua filosofia.

Agora que semelhança existe entre a Academia de Platão e as nossas atuais que brotam igual à capim em cada esquina de São Paulo? Ah, quem dera se os pretendentes soubessem que o diálogo numa conquista amorosa é mais fundamental do que ter sua barriga em dia...

Na vida o ponto ideal do ser humano para se viver bem, eu acredito que seja: o equilíbrio. Logo exercitar somente os músculos e não o cérebro não é o ideal. Pois estaremos preferindo um em detrimento do outro, e não se tem o equilíbrio.

Agora vai querer explicar isso aos “bombados” e “bombadas” de academia, que vivem imersos nas sombras desses versos de Johann Wolfgang Von Goethe:

“Quem, de três milênios,
Não é capaz de se dar conta
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo”.


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