Jorge Luis Borges, é um dos meus escritores
prediletos; um contista famigerado – sem sombra de variação, aliás, prefiro sua
prosa enxuta a seus poemas. Enfim, adoro também uma frase sua, onde ele nos
disse que:
“Sempre imaginei que o Paraíso fosse uma espécie de
Biblioteca.”
Bom, Borges morreu cego e quase sem amigos,
pois no final de sua vida estava praticamente in loco em suas famosas excursões pela Europa; o velho escritor
precisava de dinheiro e se sujeitava a encarar grandes plateias, embora fosse
um tímido inveterado. Nesse período também recebeu muitas condecorações, como o
doutor honoris causa das
Universidades de Oxford, Columbia e Michigan. Ele morreu em Genebra após 53
dias de casado com Maria Kodama, em 1986. A frase então dado o seu devido peso
e contexto partiu de um solitário, cujo maior prazer na sua vida eram os
livros, vejamos o que ele mesmo disse no seu Ensaio autobiográfico, escrito em 1970, a saber:
“Se tivesse que apontar um fato capital de minha vida,
diria a biblioteca de meu pai. Na realidade, acredito nunca ter saído daquela
biblioteca.”
Biblioteca, obviamente livros, Paraíso...
Ouso discordar de Borges, pois em minha
modesta opinião a Biblioteca sozinha não pode ser o Paraíso, pois acredito que
no Paraíso, não estaremos sozinhos. Isso não tem lógica! Estaremos com nossos
entes queridos, amigos, enfim todos que passaram por nossas vidas e possuem
alguma relevância; eu creio nisso. Elucubre: venhamos e convenhamos, existe
coisa mais desoladora que a solidão?
Guimarães Rosa, disse magistralmente em seu
conto “A terceira margem do rio” que:
“Quando nada acontece, há um milagre que não estamos
vendo.”
Milagre pra mim: uma reunião de blogueiros,
em plena quarta-feira nessa cidade caótica que é São Paulo, às 18h30 – todos
reunidos numa livraria histórica e charmosa de São Paulo, a saber: Martins
Fontes, comungando do mesmo e único pão: O AMOR PELOS LIVROS! Isso sim é o Paraíso finado Borges, um lugar onde
podemos falar com pessoas, dialogar, refletir sobre nossas afinidades e amores
literários. Por isso que a imagem do intelectual barbudo, com óculos de aros de
tartaruga, carrancudo, isolado em si mesmo e em sua torre de marfim, nunca me
satisfizeram. Venho de um lar, onde minha mãe e eu falávamos dos clássicos
universais da literatura, na mesa do café da manhã... Quanta saudade dessa
época: eu era feliz e sabia!
Que Paraísos
como esses venham mais e mais vezes, que novos blogueiros surjam, que novos
mundos literários dentro das possibilidades infinitas que a blogosfera pode
oferecer – sejam criadas e recriadas infinitamente...
Mas, a vida não é feita só de discordâncias,
nisso faço coro com Borges:
“Se começo a escrever, se ouso escrever um artigo ou um
livro ou outro e não consigo, estou acabado, não existo mais. Para tornar esta
descoberta um pouco menos terrível, vou tentar fazer algo que nunca fiz. Se eu
não for bem-sucedido, será menos terrível para mim. Isso pelo menos irá me
preparar para um destino não-literário. Portanto vou fazer algo que jamais fiz
antes: escrever uma história.”
-
Entretiens avec Jorge Luis Borges, Georges Charbonnier, p.109.
Torço para que tenham gostado da minha
história: Sérgio Pavarini, Publishnews, V&R Editoras, Livraria Martins Fontes e demais companheiros
das letras...
Obrigado a todos!
***
PS. Essa foi a 2º vez que meu blog participa do evento da Publishnews (Encontro de Blogueiros).
Adorei o texto.
ResponderExcluirParticipei pela primeira vez do encontro de blogueiros e me senti em casa.
Nada melhor do que encontrar pessoas com o mesmo amor pelos livros do que eu!!!
E que venham mais e mais encontros.
Beijos
Camis - Leitora Compulsiva
Wow Camila, sem sombra de dúvida, estamos em casa ali...
ExcluirÉ extremamente gratificante poder ouvir, dizer e dividir experiências com pessoas que de fato amam a nossa literatura. Foi mais um dia feliz que guardarei com carinho e respeito. Obrigada Marcelo pelas palavras, em pouco a minutos lendo seu texto e, te conhecer, me fez perceber que mesmo em um universo infinito ainda se pode compartilhar do mesmo amor, o da literatura. Belo texto. Bela homenagem (ao evento). E que venham muitos outros.
ResponderExcluirBjs da amiga Carla
Inefável seu comentário Carla Adrielle, obrigado - meu coração está em festa!
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