segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

CRÔNICAS AVULSAS: O PARAÍSO É AQUI!




Jorge Luis Borges, é um dos meus escritores prediletos; um contista famigerado – sem sombra de variação, aliás, prefiro sua prosa enxuta a seus poemas. Enfim, adoro também uma frase sua, onde ele nos disse que: 

“Sempre imaginei que o Paraíso fosse uma espécie de Biblioteca.”

Bom, Borges morreu cego e quase sem amigos, pois no final de sua vida estava praticamente in loco em suas famosas excursões pela Europa; o velho escritor precisava de dinheiro e se sujeitava a encarar grandes plateias, embora fosse um tímido inveterado. Nesse período também recebeu muitas condecorações, como o doutor honoris causa das Universidades de Oxford, Columbia e Michigan. Ele morreu em Genebra após 53 dias de casado com Maria Kodama, em 1986. A frase então dado o seu devido peso e contexto partiu de um solitário, cujo maior prazer na sua vida eram os livros, vejamos o que ele mesmo disse no seu Ensaio autobiográfico, escrito em 1970, a saber:

“Se tivesse que apontar um fato capital de minha vida, diria a biblioteca de meu pai. Na realidade, acredito nunca ter saído daquela biblioteca.”

Biblioteca, obviamente livros, Paraíso...
Ouso discordar de Borges, pois em minha modesta opinião a Biblioteca sozinha não pode ser o Paraíso, pois acredito que no Paraíso, não estaremos sozinhos. Isso não tem lógica! Estaremos com nossos entes queridos, amigos, enfim todos que passaram por nossas vidas e possuem alguma relevância; eu creio nisso. Elucubre: venhamos e convenhamos, existe coisa mais desoladora que a solidão?
Guimarães Rosa, disse magistralmente em seu conto “A terceira margem do rio” que:

“Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.”

Milagre pra mim: uma reunião de blogueiros, em plena quarta-feira nessa cidade caótica que é São Paulo, às 18h30 – todos reunidos numa livraria histórica e charmosa de São Paulo, a saber: Martins Fontes, comungando do mesmo e único pão: O AMOR PELOS LIVROS! Isso sim é o Paraíso finado Borges, um lugar onde podemos falar com pessoas, dialogar, refletir sobre nossas afinidades e amores literários. Por isso que a imagem do intelectual barbudo, com óculos de aros de tartaruga, carrancudo, isolado em si mesmo e em sua torre de marfim, nunca me satisfizeram. Venho de um lar, onde minha mãe e eu falávamos dos clássicos universais da literatura, na mesa do café da manhã... Quanta saudade dessa época: eu era feliz e sabia!

Que Paraísos como esses venham mais e mais vezes, que novos blogueiros surjam, que novos mundos literários dentro das possibilidades infinitas que a blogosfera pode oferecer – sejam criadas e recriadas infinitamente...
Mas, a vida não é feita só de discordâncias, nisso faço coro com Borges:

“Se começo a escrever, se ouso escrever um artigo ou um livro ou outro e não consigo, estou acabado, não existo mais. Para tornar esta descoberta um pouco menos terrível, vou tentar fazer algo que nunca fiz. Se eu não for bem-sucedido, será menos terrível para mim. Isso pelo menos irá me preparar para um destino não-literário. Portanto vou fazer algo que jamais fiz antes: escrever uma história.”
- Entretiens avec Jorge Luis Borges, Georges Charbonnier, p.109.

Torço para que tenham gostado da minha história: Sérgio Pavarini, Publishnews, V&R Editoras,  Livraria Martins Fontes e demais companheiros das letras...

Obrigado a todos!

***
PS. Essa foi a 2º vez que meu blog participa do evento da Publishnews (Encontro de Blogueiros).

4 comentários:

  1. Adorei o texto.
    Participei pela primeira vez do encontro de blogueiros e me senti em casa.
    Nada melhor do que encontrar pessoas com o mesmo amor pelos livros do que eu!!!
    E que venham mais e mais encontros.
    Beijos
    Camis - Leitora Compulsiva

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    1. Wow Camila, sem sombra de dúvida, estamos em casa ali...

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  2. É extremamente gratificante poder ouvir, dizer e dividir experiências com pessoas que de fato amam a nossa literatura. Foi mais um dia feliz que guardarei com carinho e respeito. Obrigada Marcelo pelas palavras, em pouco a minutos lendo seu texto e, te conhecer, me fez perceber que mesmo em um universo infinito ainda se pode compartilhar do mesmo amor, o da literatura. Belo texto. Bela homenagem (ao evento). E que venham muitos outros.
    Bjs da amiga Carla

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  3. Inefável seu comentário Carla Adrielle, obrigado - meu coração está em festa!

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