Foi Vinicius de Moraes quem
disse: “As muito feias que me perdoem.
Mas beleza é fundamental.” Ele disse isso no poema Receita de Mulher de
1959. Hoje, me aproprio desse início do seu poema, e diria que: “Os burros que me perdoem. Mas inteligência
é fundamental.” E numa era regada a falta de reflexão, tenho certeza que
esse início do meu possível e imponderável poema, não acharia guarida nos
corações alheios. Aliás, a irreflexão é o que grassa em nossa sociedade. Por
isso, faço coro com Hannah Arendt, no seu livro: A Condição Humana, quando ela
disse que:
“É
óbvio que isto requer reflexão; e a irreflexão – a imprudência temerária ou a
irremediável confusão ou a repetição complacente de verdades que se tornaram
triviais e vazias – parece ser uma das principais características do nosso
tempo. O que proponho, portanto, é muito simples: trata-se apenas de refletir
sobre o que estamos fazendo.”
No Café Com Letras, é
justamente isso que fazemos, ou seja, refletir sobre a nossa realidade, com
base na leitura de um livro prévio. No último encontro, que fechou o ano,
portanto, ocorreu em dezembro corrente, discutimos o livro: Garota Exemplar, da
autora – Gillian Flynn. Um livro que abre um leque de análises grandiosas, e
que nos remete a refletirmos sobre a nossa própria realidade. Aliás, não é isso
que o Mario Vargas Llosa, já dizia no seu livro - A verdade das Mentiras:
“Não se escreve romance para
contar a vida, senão para transformá-la, acrescentando-lhe algo.”
Ler significa reler e
compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a
partir de onde os pés pisam. E no Café com Letras, todos tem voz, e podem dar
sua opinião, e sua democracia é o que torna o evento mais aprazível possível.
Renata Megale, a organizadora do evento, vai mediando o assunto com maestria, e
toca nos pontos nevrálgicos do livro e nos provoca a todo instante a
refletirmos sobre o que lemos e a darmos nossas considerações.
Por natureza somos todos
criaturas pensantes e nenhum de nós é capaz de ter do mundo, e de qualquer
assunto, um ponto de vista absoluto e absolutamente verdadeiro. A verdadeira
realidade do mundo está em poder ser visto por todos nós, de pontos diferentes
de percepção. Não há uma só verdade, mas verdades relativas às épocas, lugares,
perspectivas em que se formularam e que sustentaram.
Como ensinou Leonardo Boff, no
excelente livro – A águia e a galinha:
“Todo ponto de vista é a vista
de um ponto.”
Numa era tão carente de cultura, de pessoas que pensem o encontro: Café Com Letras tem a mesma função para o homem semimorto no deserto, que está em busca de um oásis para refrescar sua garganta. Mas, em nosso caso, esse oásis nosso são os livros, que refrescam nossa: mente, alma e espírito...
Oi meu caro, este conto me deixou surpreso para conhecer este projeto. Um grande abraço. De seu amigo, Marcio Uno.
ResponderExcluirUno, não é um conto, é uma crônica, mas valeu pelo retorno. Obrigado por ter lido!
ResponderExcluirAbraços.
Parabéns, excelente crônica!
ResponderExcluirExcelente texto, queridos!
ResponderExcluirSimone Guerra
Ótimo texto! Concordo plenamente. Como diz o provérbio chinês "Não julgue um livro pela capa". Isso vale tanto pra pessoas, quanto para livros. Todo livro tem algo a ensinar, basta apenas observar os detalhes, abrir a mente.
ResponderExcluirNara Susane
Muito bom! Parabéns, bjs
ResponderExcluirShirley Cavalcante
Marcelo tudo bem? Ontem eu participei desse encontro cujo livro Quase memória já adquiri. Antes de mais nada quero agradecer a sua indicação desses encontros. Adorei o formato principalmente pelos debates inteligentes e respeitosos. O respeito pela experiência que cada um tem pela leitura foi o que me chamou a atenção. Concordo com você quando diz que cada um tem a sua própria experiência. O que fortalece esses encontros é a possibilidade de encontrar várias experiências e aprender um pouquinho com cada uma. Obrigado pela dica.
ResponderExcluirwww.estantedowilson.com.br