Downtown, Nova York, EUA (1947) foto
de Henri Cartier-Bresson.
Às vezes a vida dá uma pedrada em nós, que perdemos até o rumo de casa. Ficamos desnorteados, e isso pode se dar em várias áreas das nossas vidas, quer seja: financeira, amorosa, familiar...
Quem nunca sentiu isso ainda na pele, que atire a primeira
pedra. Nesses momentos o céu fica de bronze, e nossas orações não chegam até os
deuses. Tudo fica cinza, como a cidade de São Paulo, e isso é o máximo que
conseguimos contemplar. O horizonte se anuvia e perde sua beleza imaginativa...
O que fazer quando somos atropelados por circunstâncias
que independem de nós? Já desfiz 31 anos de idade, e não sei a resposta ou
respostas... E olha que já vivi muitas coisas: fui pai aos 18 anos, tive muitas
perdas de parentes, perdi minha mãe em 2009 (que foi o maior baque de todos),
perdi empregos, ganhei dinheiro e perdi dinheiro, já tive depressão, tomei
porres monumentais ao ponto de acabar com todas as cervejas do bar, vi o
casamento da minha mãe com meu pai – terminar numa separação judicial, briguei
horrores nas ruas do Jardim Ângela (onde vivo até hoje), perdi amigos para as
drogas e para o mundo do crime, perdi a fé em tudo e a recuperei de volta, fui
nas melhores baladas de São Paulo, dancei muito “popero”, tive muitas namoradas
(que até perdi a conta), viajei para alguns lugares do Brasil, experimentei
comidas das mais diferentes formas, cores e sabores possíveis, aprendi francês,
tive amigos e perdi amigos...
Difícil falar sobre isso, talvez daí a necessidade de
extravasar tudo numa crônica, pois creio que quando expomos nossas dores aos
outros e as universalizamos, nos aproximamos mais das respostas (se é que teremos
algum dia as respostas). Pois como dizia o Cazuza: “Todo mundo é igual quando sente dor.” Já Shakespeare: “Quem nunca foi ferido, zomba de cicatrizes.”
Verdade seja dita: esses autores estão mais do que corretos; e suas frases são
tão boas, que para um bom entendedor, metade delas já é um romance...
A vida como ela é então? Você me pergunta arguto leitor.
Eu respondo: um dia feliz, outro triste. Um dia com dinheiro, outro sem. Um dia
feliz no amor, outro amargando a separação. Um dia com saúde, outro enfermo. E
assim vivemos numa sucessão de idas e vindas. Ou como dizia o Horace Walpole:
“A vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia
para os que sentem.”
Muito profunda a frase do Walpole, e como uma amiga minha
insiste em dizer que sou poeta, embora da minha pena, tenha escrito efetivamente
pouquíssimos poemas, pois meu forte mesmo é a prosa, encerro essa crônica com o
Toquinho, cuja música foi imortalizada por: Tom Jobim, Vinicius de Moraes e
Miúcha, e elucubre aqui comigo: se até esses homens e mulher de nobres cepas,
não acharam a resposta sobre o que é a vida, quem dirá eu leitor? Não pense que
lhe enganei, apenas queria a sua amável companhia, e se veio até aqui lendo vá
até o fim, pois é agora que a coisa fica boa, permita que essa música fale ao
seu coração, vai ver, tem um sentido que é só seu, como um outro sentido que é
só meu – então quem ler, que sinta, aproprie-se, viva, pense, repense e viva a
vida como ela é (e ah, nunca esqueça de fazer isso com muita paixão!).
Sei Lá, a vida tem
sempre razão
Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.
Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.
A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.
De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.
***
Mto bom o post e a música.
ResponderExcluirBeijos Esther ;)
Merci Rainha Esther!
ExcluirA vida e as caixinhas de surpresas,Marcelo! Hora na glória outra na luta, e assim vamos seguindo, como tem de ser... Tá ai, uma ótima crônica (para o meu dia "morno") me inspirou , me ajudou e, me deu o UP que me faltava hoje. Obrigada por mais uma vez nos encher com suas palavras intensas e cheias de verdades.
ResponderExcluirBjs da mais nova amiga, Carla Adrielle (admiradora da sua escrita) ; )
Wow, fico feliz por isso, ganhei meu dia e o mês... Merci pelo retorno, adoro ouvir as impressões das pessoas, feliz da vida... Mais um motivo, para não desistir do blog... beijos.
ExcluirQuando é bom agente elogia! E vc é muito bom no que faz. Continue assim, nos motivando,por favor.
ExcluirBjão