quinta-feira, 5 de junho de 2008

CASAMENTO: PARA ONDE ESTÁ INDO?

“C’est une ame que son âme
demande...
qui s’attache à elle avec tant de
force et qui souffre avec tant de
bonheur son etreinte, que rien ne
puisse plus les séparer...
- Jules Simon[1]

Dizem que quando um cisne emitia um belíssimo canto, é que estava a poucos instantes da morte. E sendo assim a expressão cunhada: “O canto do cisne” ficou conhecida popularmente como as últimas realizações de alguém. Acredito que hoje em dia, quem já cantou de forma semelhante ao cisne e portanto esta morrendo é o casamento, ou já morreu?
Casamento! Palavra em desuso em nossos dias atuais. E que causa um certo desencanto e descrédito para muitas pessoas ao ecoar em seus ouvidos tal palavra. E com isso vemos hoje em dia, muitas pessoas que preferem perdurar as relações informais, ao invés de oficializar seus relacionamentos.
Pergunto-me: quais as causas para isso? Volto-me com um olhar rápido e ligeiro para mídia (apesar de não ser muito fã da mesma), e vejo aos borbotões casais famosos que se casaram recentemente, e que muitas vezes não completaram nem meio ano de casados e já estão separados. Procuro observar ao meu redor, no meu cotidiano, e vejo a mesma tendência. E ao questionar os motivos, consigo pinçar destas conversas, algo significamente relevante e causador em maior parte das separações - o ego!

Sim, o nosso ego inflado que em hipótese alguma quer perder. E com ele passamos a ser um trator a esmagar as pessoas amadas, que ao invés de nos unirmos cada vez mais, nos distanciamos a passos largos. Homem e Mulher, em muitos casos querem sempre ter a razão, e defendem seus pressupostos, como se estivem entrincheirados em uma guerra, e ninguém quer arredar o pé, pois o que importa mesmo é a minha vontade (satisfazer o meu ego) e suas considerações pouco interessam. E das várias metástases que o ego inflamado traz consigo, a falta de comunicação e o isolamento são as mais salientes. Destarte, temos então o mal instalado, como se fosse uma velha senhora, que toma conta de um canto do aposento, que é maldosa e que esta caminhando a passos rápidos para apagar com seus dedos ressequidos, a única chama que ainda queima ardentemente em um quarto sombrio de relacionamento – a saber: o amor. O saudoso Carlos Drummond de Andrade, disse assim: “Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho Ímpar”. Acredito que temos então um fio de navalha, para nos apegarmos, que é respeitar o amado ou amada do seu jeito, e não querermos mudá-los, mas compreendê-los, conviver com suas diferenças e buscarmos a felicidade a dois. Sem sermos egoístas. E se necessário for para ter paz, porque não abrir mão, ceder? Pois se para a vitalidade do meu relacionamento ou casamento isto for necessário porque não? Deixar de querer as coisas do meu jeito, mas do jeito do companheiro ou companheira? Pense nisso... Ceder às vezes faz bem, aliás, muito bem... Pois nos livramos de muitos males futuros e arrependimentos...


_________________________________________________________________
[1] Jules Simon, filósofo e moralista francês do século XIX que deixou várias obras de cunho ético: O dever, A religião natural, A liberdade de consciência, entre outras. Chegou a ser Ministro de Instrução Pública, e dizia-se um espiritualista. O trecho citado diz: “Sua alma precisa de outra alma... que a ela se ligue com tanta força e que consinta seu abraço com tanta felicidade que ninguém mais as possa separar...”

0 comentários:

Postar um comentário