quinta-feira, 5 de junho de 2008

EU E O LIMA

“Uns colecionam medalhas de ouro; outros imagens de santos; uns, prata; outros, marfins. Eu coleciono amigos”. Gilberto Freyre (1900 – 1997), sociólogo.


Desde da idade mais tenra, minha mãe me levava ao cabeleireiro, cujo nome é Lima. E com toda paciência do mundo, esperava ele cortar meu cabelo, para depois irmos embora. Com o passar rápido dos anos, continuei freqüentando o mesmo lugar, e cortando sempre meu cabelo adivinhem com quem? Fácil não? Com o Lima é claro! Ele um homem, já de idade, com cabelos grisalhos, de têmpora forte, mineiro e amante de sua terra natal, trabalhador, e antenado com tudo que acontece no Brasil e o mundo, conhecedor de política, e de muitas outras coisas... Mas acima de tudo, conhecedor da vida como ela é.

Mas o que me fez justamente freqüentar ano após ano o mesmo cabeleireiro, adivinhem o que foi? As diferenças, entre mim e o Lima. Certa feita ele me disse que não esperava de mim tamanha oposição as suas idéias, pois desde de cedo era uma criança muita calada e reservada, que mais ouvia e observava, do que falava. E hoje em dia, as pessoas que nos vêem discutindo, defendendo cada um suas idéias e cosmovisões ferrenhamente, ficariam surpresas comigo, em comparação, com aquele Marcelinho de outrora, como ele gostava de me chamar.

Às vezes tenho a impressão de que se eu disser a ele, que gosto de azul, é capaz dele me dizer que prefere o preto. Só para discordar de mim. E nós discutimos sobre tudo, política, religiões, futebol, os fatos ocorridos no Brasil e no mundo... E nunca chegamos a um acordo. O que causa tremendo espanto para as pessoas ao nosso redor, que não conhecem nossas habituais “lutas” travadas, a cada vez que vou cortar meu cabelo com ele.

Diz o bordão popular que: “Os opostos se atraem”. Mas acima de tudo, embora tenha que concordar com está frase em parte, acredito que eu e o Lima, nunca iremos chegar a um consenso por mínimo que seja sobre alguma coisa, por mais trivial que está venha a ser. Porém, temos uma coisa um pelo outro muito claro, que concordamos reciprocamente, que é o respeito mútuo entre ambas as partes.




Aprendi com ele também algo de suma importância, para a minha vida inteira, que compartilho aqui, com você caro leitor. Que é não difamar, brigar e ter sanha de alguém, só porque ele pensa diferente de você. Pois é possível aprender a conviver com o oposto, com suas atitudes dispares, e posturas inversas para aquilo que pensamos ao nosso modo ver, ser o correto. E defendemos essas tais verdades nossas, como dogmas, a unhas e dentes. Destarte, é necessário conferir as tais pessoas contrárias as nossas ideologias, o devido respeito e dignidade que merecem. E aprendi isto com este fraterno amigo. Ou seja, que no campo das idéias, posso discordar sempre com ele, e com os outros também, mas nunca de alguma forma agredi-los. Por serem contrários as minhas idéias...

Aprendi que o fato de discordar das idéias é até bom, pois estimula a reflexão. Mas sem exageros. Pois reflexão é melhor do que discussão.
Como dizia Maurice Merleau-Ponty: “A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo”.
Mesmo que para reaprender a ver o mundo, tenhamos de discordar de nós mesmos, e darmos o “braço a torcer”, pois alguém nos provou que sua idéia é mais coesa do que a nossa. Pois como dizia Emerson “Toda pessoa que encontro pode ensinar-me algo. Procuro aprender esse algo”. E assim sendo, viva aos debates e reflexões!

2 comentários:

  1. Nao consigo achar o autor dessa frase "Toda pessoa que encontro pode ensinar-me algo, procuro aprender esse algo." de jeito nenhum...sabe quem pode ser?
    beijos e obrigada

    ResponderExcluir
  2. Se puder responder no meu email rayssa03@hotmail.com agradeco bastante! :)

    ResponderExcluir