domingo, 14 de dezembro de 2008

CONTO: BLACK DAY


Ele era epígono de um monumental mestre. Ressalva seja feita, a priori, não das letras, artes ou ciências. Mas, sim da vida. Isso mesmo – pura e simplesmente: vida. Esse grande sábio, durante anos a fio, em que pode instruir seu discípulo, chamado Judas, o fez com raro esmero e sobejamente regado à amor. Contudo, o grande mestre nunca conseguiu suprir uma carência de Judas. Ao passo que sempre lhe dizia:

- Escute bem Judas, se não melhorar nesse aspecto, nunca poderá ser inteiro.
Judas, sempre o rebatia:
- Como posso eu melhorar se isto que queres me fere a alma, e só de pensar – já fico atribulado?
Com a sábia paciência dos anciãos, o mestre disse:
- Toda atividade à qual nos dedicamos por completo é uma jornada solitária. Esse caminho, terá de trilhar sozinho.

Por mais que Judas negasse em seu coração, que o dia mau nunca chegaria a soleira do seu mestre estimado. E que esse mesmo dia negro, que entra ninguém sabe como, nem muito menos de onde vem, dia e horário, viria algum dia lhe visitar, algo dentro de sua mente, o fazia ser racional, e o punha com os pés firmados e rijos no chão:

- Nunca minta para você mesmo! Pois um dia, todos irão partir. Faz parte do ciclo natural e óbvio da vida.

Enquanto divagava com essa dicotomia de idéias; com a alma abatida,
pesarosa e dúbia; notou um bilhete que seu mestre lhe havia deixado sobre a mesa de estudo:

- A solidão é sempre um baque, mas aprenda a manter-se de pé e não se deixe abalar, por mais duro e insuportável que seja.

Mal acabará de terminar a leitura, um servo do templo, entrou esbaforido, e
sem medir palavras:

- O mestre morreu!

Quando acabou de ouvir, caiu de joelhos e lágrimas escorrem por seu
rosto, de forma incontrolável, e uma dor imensurável tomou conta do interior de seu ser. Ainda com o papel nas mãos viu, a outra mensagem no verso do bilhete, que dizia:

Seja bem vindo à vida Judas!

1 comentários:

  1. Oi rapaz, tudo bem contigo? Gostei do conto, final diferente e interessante. Morre para se viver. Bacana cara. Abraços Marcelo.

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