terça-feira, 12 de janeiro de 2010

EXCERTOS DA 7ª ARTE (PARTE VI)

AUTORETRATO COMO ARTISTA (1888), DE VAN GOGH.


Assisti o Rock Balboa, em sua pré-estréia e aproveitando o tempo ocioso das minhas férias, resolvi assistir novamente esse filme em DVD. A história é simples e retoma ao mesmo ingrediente dos demais filmes da série, ou seja, existe um desafio, que move Rock, a subir novamente no ringue e lutar, mesmo após ter se aposentado. O motivo dessa vez é bem pessoal, resolve provar a si mesmo que ainda é capaz de lutar. Quer exorcizar seus próprios medos. Deseja limpar os porões da sua alma.

Vive um relacionamento conturbado com seu filho, que se agrava ainda mais quando ele descobre, que seu pai, resolve lutar novamente, mesmo estando aos seus olhos, já velho o bastante para isso. Tiveram uma discussão feia, no qual Rock exorta seu filho, a ser um HOMEM diante da vida, que ao meu ver é uma pérola do filme, essa sua fala, vejamos:

“O mundo não é um grande arco-íris. É um lugar sujo, cruel, que não quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre, se você deixar. Você, eu, ninguém vai bater tão duro quanto à vida, mas não se trata de bater duro, se trata de quanto você agüenta apanhar e seguir em frente. O quanto você é capaz de agüentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer. Agora se você sabe o seu valor, então vá atrás do que você merece, mas tem que ter disposição para apanhar, e nada de apontar dedos, e dizer que você não consegue, por causa dele ou dela. Só covardes fazem isso e você não é um covarde. Você é melhor do que isso.”

Creio que existam nesse filme, duas mensagens principais. A primeira, é que não devemos confundir briga com luta. Briga tem hora pra acabar. E luta é para a vida inteira.

A segunda, é que necessitamos ter uma autocrítica, como parte da recuperação da razão ameaçada pelo domínio do status quo da nossa cultura, no qual todos estamos imersos, que idolatra a juventude e endeusa a forma física além de qualquer sensatez. Pois pensar que só os jovens são capazes de realizar coisas extraordinárias é um ledo engano, e viver uma vida obsessiva com sua aparência física, não é viver, mas consumir-se e definhar. E talvez pior ainda, é negar a nossa aparência e patético querermos parecer ter 20 anos aos 40, ou 40 aos 70.



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