sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CRÔNICAS AVULSAS: EM BUSCA DO VINHO PERFEITO


Após meu almoço, aproveitei para ir ao Pão de Açúcar da Rua Clodomiro Amazonas, em busca de um vinho simples, para tomar no final de semana com meu amigo; enquanto veríamos qualquer jogo de futebol na televisão e papearíamos sobre a vida. Qualquer um que possua um mínimo de conhecimento sobre vinhos sabe que os hipermercados ou supermercados não são os melhores locais para se comprar vinhos e passam longe da grande loja Lavinia (que é sonho de todo amante dos vinhos). Mas, para esse fim que desejava – um vinho rotineiro do Pão de Açúcar cairia muito bem.

Enquanto analisava os vinhos, fui abordado por duas mulheres, que não aparentavam mais que vinte e quatro anos, e como estava vestido com roupas sociais, creio que me confundiram como funcionário responsável pelas bebidas do Pão de Açúcar:

“Moço, qual desses vinhos é o melhor?”

Como estava de costas, ao me virar, deparei-me com as duas em trajes de academia a me olharem cálidas esperando uma resposta certa e definitiva diante do mar de garrafas de vinhos que estavam diante de nós.

“Depende. Depende muito!” Disse.

Com olhares consternados, uma delas disse:

“Moço, depende do quê?”

“Depende do evento e propósito ao qual você vai tomar o vinho. Isso faz toda a diferença na hora da escolha”.

“Bom, vamos tomar nesse final de semana, numa chácara de amigos, onde todos levarão bebidas e faremos um churrasco lá.”Disse uma delas, com olhar inquisidor.

“Bom, sendo assim, qualquer um desses tintos serve.”

Ficaram me olhando por alguns segundos estarrecidas. Agradeceram, deram as costas e foram embora para outra seção de bebidas. Soube imediatamente que a minha resposta não tinha agradado, mas num evento de curtição e “pegação” de final de semana, onde todos vão encher a “lata” quem realmente quer saber se está tomando um Merlot do Chile ou um Pinot Noir da França? Quem ligaria se o vinho é do Velho ou Novo Mundo?

Quando saí do Pão de Açúcar com meu vinho simples nos braços, avistei as duas colocando na esteira do caixa, quatro garrafas de vodkas Absolut, meia dúzia de energéticos sortidos e três garrafas de whiskys Chivas e ainda tinha outras bebidas no carrinho, que pela distância e posição não as reconheci.
Notei certa alegria e excitação em seus olhos, talvez pela compra em abundância finalmente efetuada com êxito – sem muitas complicações ou explicações e pelo final de semana que estava chegando – por conseqüência: o churrasco na chácara.

Talvez elas não estejam prontas ainda para apreciar um vinho, muito menos para ouvir conselhos sobre eles. Normal. A vida é uma sucessão de escolhas que vamos fazendo, umas boas outras extremamente ruins...

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