terça-feira, 30 de setembro de 2014

CRÔNICAS AVULSAS: MISS...

Photo: Florette, 1943 de Jacques-Henri Lartigue

Ontem, quando ia voltando do meu almoço de um restaurante da Av. Brig. Faria Lima, notei certo alvoroço de homens e algumas poucas mulheres; ambos de celulares em punho tiravam fotos – pouco a frente do Shopping Iguatemi. Notei que todos estavam na direção da ciclovia e que alguma emissora de televisão estava gravando alguma matéria ali. Conforme fui caminhando, consegui ver melhor que se tratava de uma morena, de cabelos pretos, lisos e longos – vestida num minúsculo biquíni vermelho. Foi o que bastou para atrair uma grande quantidade de curiosos e atrapalhar o trânsito.

A câmera da TV focalizava 90% do tempo – no bumbum da morena e os 10% restantes em seu rosto. Enquanto ia caminhando, notei que a pauta da gravação era somente isso, pois não tinha repórter – só a equipe de filmagem. Era como se voltássemos no tempo, e estivéssemos vendo um filme mudo do Carlitos, mas colorido e sem graça nenhuma.

No caminho de volta para a empresa e embora não seja nenhum fã ou grande conhecedor das suas músicas, aquela pequena estrofe da música Pagu da Rita Lee, não saia da minha cabeça:

“Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda.”

Comentei com um colega do trabalho sobre o fato inusitado e ele logo emendou:

- O que você viu foi alguma candidata a Miss Bumbum Brasil desse ano!

Respondi meio sem graça:

- E existe concurso para eleger o melhor bumbum?

- Sim, existe Marcelo, e de que país você é? Não sabia disso cara?

Tratei de mudar o assunto, pois como era um insipiente na matéria de Miss Bumbum Brasil, não adiantava prolongar a conversa sobre isso com meu erudito colega de trabalho – tão versado nisso; que logo se apressou em entrar no site oficial do concurso e me apresentar às candidatas; pois fazia questão de saber qual delas eu tinha avistado na rua. Como já estava fatigado, escolhi qualquer morena no site e disse que era ela. Finalmente ele me deixou em paz.

Que o mundo está perdido – eu já sei e creio que o leitor também, mais fatos como esses e pessoas assim, contribuem ainda mais para a derrocada da humanidade.

Talvez um dos maiores crimes que cometemos é quando abdicamos de pensar. E sinceramente o que agregaria em nossas vidas o Concurso de Miss Bumbum? 

***

2 comentários:

  1. Muito boa essa crônica, parabéns.

    Arthur Claro
    http://www.arthur-claro.blogspot.com

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  2. Olá Arthur Claro,

    Muito obrigado pelo retorno!

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