EXCERTOS DA 7ª ARTE (PARTE IX)

NAMORADOS, de Romero Britto


“Sempre haverá amor enquanto houver assunto entre os dois.”
_Ruth Rocha


A letra da música contida no filme é sincera e significativa:

“Até onde se saiba
Podemos não nos ver mais
Antes de você partir
Vamos fazer desse um grande momento
Só direi boa noite
Quando a última nota
Me levar pela mão
Junto com o coração
Até onde se saiba
Pode ser tudo um sonho...”

O filme é genial, e nos traz um sonho que todos anseiam na vida, ou seja, de encontrar e viver um grande amor. Assim como essa letra, os dois personagens principais viveram em 4 dias esse sonho de uma noite de verão, almejado por todos nós. Aliás, eis uma pérola retirada do filme, em se falando de sonhos:

“Os bons sonhos, eram bom sonhos. Mas não se realizaram, mas foi bom tê-los.”

O filme que me refiro é: “AS PONTES DE MADISON” do estupendo diretor Clint Eastwood, que mesmo sem grandes investimentos vultosos cinematográficos, consegue realizar a 7ª Arte com muita maestria e competência. Seu filme é de uma beleza rara e poética ao mesmo tempo. Ele é capaz de nos tocar profundamente a alma, e creio que é impossível sair incólume ao drama vivido pelos personagens: Francesca e Robert.

A trama é simples, como todo grande filme. Uma mulher vive em sua fazenda, com seu marido e filhos. Realiza seus afazeres do lar como um autômato. Na sua vida de rotinas, só se dá conta que mal é notada por sua família, quando se sentam para uma refeição. Sua vida transcorre sem sobressaltos, morna e sem grandes alegrias também. E sucumbe ao desejo de realizar seus próprios sonhos, devido sua vida de mulher do lar.
Certo dia seus filhos e marido se ausentam, devido uma festa agropecuária, e eis que chega um homem, que lhe balança todas as estruturas. Fica atraída pelo mesmo imediatamente. E sua história doravante, nunca mais será a mesma, após esse encontro.

Vive uma história de amor de 4 dias, com esse homem, que se chama: Robert Kincaid (interpretado por Clint Eastwood), que é um fotógrafo da National Geographic, e que veio até sua cidade para fotografar e produzir uma matéria sobre as pontes cobertas. Necessário dizer, que a interpretação de Fracesca, fica por conta de Meryl Streep, que dispensa comentários.

Deixou todas suas memórias em alguns diários, endereçados aos seus filhos, onde somente após de morta, é que torna-se de conhecimento de ambos sua história de amor vivida, fora do casamento. Aos poucos esses vão lendo o diário e suas próprias vidas e relações vão sendo transformadas.

A maior reflexão que esse filme nos traz, na minha modesta opinião é o quanto perdemos ao sermos covardes em nossas vidas. Ela por exemplo, não teve a coragem de abandonar seu marido, para ficar com Robert. E assim numa outra transposição para nossa vida, a mensagem que fica é: quantos já não perderam, não só no campo amoroso, mas na vida como um todo, devido ao medo paralisante que nos toma conta? Medo do novo, do desconhecido, do que o outro vai pensar se eu fizer isso ou disser aquilo; a lista é interminável...
A fala de Robert Kincaid é esclarecedora:

“Muita gente tem medo das mudanças, mas poder contar sempre com elas é reconfortante”.

Quantas vidas deixaram de ser felizes, pelas palavras não ditas e ações não feitas? Quanto já não se perdeu na vida com isso? Cada um aqui, que responda a si próprio e julgue suas próprias ações. Reflita. Mude. Faça acontecer...

Apenas um alerta: cuidado! Cuidado! Pois pode ser que chegue um dia, em que não teremos mais como dizer mais nada, pois a morte já nos envolveu. Mas sou esperançoso e creio que muitos mudaram o curso de suas vidas. E pensando em esperança, fico com Lya Luft em Secreta Mirada, de 1997, quando ela nos diz assim:


“Foram-se os amores que tive
ou me tiveram:
partiram
num cortejo silencioso iluminado.
O tempo me ensinou
a não acreditar demais na morte
nem a desistir da vida: cultivo
alegrias num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e seus segredos.
E a esperança – que rebrilha
como pedrinhas de cor entre as raízes...”



***