domingo, 10 de abril de 2011
LUANA CALDAS RECOMENDA: CIRCO DE PULGAS - TEATRO
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A peça teatral: “Circo de Pulgas” (Cia. Circo de Bonecos), fez jus, por ser escolhida como a melhor peça da 18º Mostra do Prêmio Femsa (Coca-Cola) de Teatro Infantil e Jovem. É sensacional e cheia de magia.
Adoramos a arte circense da magia que foi inserido na peça, isso deu um novo colorido e viço aos olhos de todos que conferiram a peça. O espetáculo apresenta as aventuras dos amigos Clau e Rani, que tentam treinar um circo de pulgas de verdade. Como espectadores, quase que somos convencidos da existência realmente da pulga; cremos que seja isso que todo artista busca, ou seja, que a realidade se misture com a magia, e que o público, não saiba reconhecer quando acaba um e se inicia o outro. Nesse aspecto a peça atingiu seu mais alto grau, pois fez isso com muita excelência e propriedade.
Na peça, nós adultos somos convidados a nos deixarmos levar pela magia, pelo surreal e inacreditável. Para as crianças então nem se fala. O senso de humor dos dois atores e a interação com o público, também são dignos de nota, pois, conseguiram envolver e interagir com todos. Bravo!
Pensando na peça, voltando nós para casa e discutindo os pontos da mesma, me lembrei que tinha levado a Luana, noutra ocasião nesse mesmo teatro, e lhe falei sobre o diálogo da Lygia e o Borges. Como ela tinha se esquecido, lhe reavivei o que disse pra ela naquele dia, e abaixo transcrevo esse encontro, desses grandes mestres da literatura, recheado de muita magia.
Jorge Luis Borges, em 1970 esteve na cidade de São Paulo, para um evento e disse que:
“O que existe são os paraísos perdidos”.
Concordo com ele, pois temos de nos agarrar; mostrar que estão perdidos, mas que foram paraísos. Desse encontro, a Lygia Fagundes Telles relata assim:
“Eu conhecia o Borges de antes, mas o encontro foi num jantar. Já cego e velhusco, estava tão cercado que eu não seria capaz de chegar perto. Quando ia embora, vi-o sentado numa cadeira, sozinho com sua bengala. Todos ao redor tinham desaparecido milagrosamente. Chamei: “Borges”. Sempre tive esta voz rouca, mesmo quando jovem. Ele reconheceu: “Lygia”. Estava com a mão apoiada na bengala e eu botei a minha em cima. “Queria me despedir e que me dissesse uma coisa. Detesto a palavra ‘mensagem’, que perdeu o sentido mais profundo e só se usa comercialmente, mas peço que me diga algo, uma mensagem”. Ele disse: “Tenho um amigo que morreu quando deixou de sonhar”, e mencionou o nome no exato instante que alguém quebrou um copo ali perto, de modo que não ouvi. Fiquei com vergonha de perguntar, me despedi e saí. Uma jovem no palácio dava uma rosa para cada convidado. Peguei a rosa, botei na lapela e pensei: a rosa profunda. Anos mais tarde é que descobri que era Horacio Quiroga. Na hora que deixou de sonhar, matou-se. Na hora que eu perder essa força do sonho, vai vir à tona: o que estou fazendo aqui? Os paraísos perdidos, os sonhos perdidos. Aí é melhor ir embora, rapidamente. Tem aquele livro A negação da morte. O que é a negação da morte? A arte. Pintar, escrever, fazer música. A única coisa que nega a morte e consegue flutuar no mar do mundo, como um barco, é a arte.”
Sim, essa peça teatral é pura arte do começo ao fim; e cumpriram cabalmente seu papel...
Bravo! Mais uma vez.
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