domingo, 3 de julho de 2011
DE REPENTE: O MILAGRE
Vicissitudes.
26 life-size figures. Depth 5m. Grenada, West Indies.
Foto extraída do site.: http://www.underwatersculpture.com (em 03/07/11).
Adoro a definição de milagres que a Clarice Lispector (1920 e imortal) diz em sua crônica: “O milagre das folhas” da década de 1960; eis o que ela nos diz:
“Mas tenho um milagre, sim. O milagre das folhas. Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência da linha de milhões de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzi-las a mim. Isso me acontece tantas vezes que passei a me considerar modestamente a escolhida das folhas.
[...] Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza.”
Eu também tenho um milagre, sim. O milagre de juntar pessoas para fazerem algo para mudar a triste realidade que nos rodeia, das mais variadas formas e escalas. Foi assim que nasceu o nosso milagre:
“Amigos & Amigas que andam contra o vento.”
A questão desse nome: “Os que andam contra o vento” emprestei dos Omahas, um povo indígena das planícies da América do Norte ligado à família dos Sioux, que são designados por esta expressão. Noutra ocasião me estenderei mais sobre eles aqui...
O projeto é simples, como as boas coisas da vida. Somos homens e mulheres que nos reuniremos para fazer alguma obra social; pois entendemos que também somos responsáveis por todos ao nosso redor, e não queremos mais ficar no marasmo e vala comum dos que somente abrem a boca para reclamar da triste realidade que os rodeia.
Pois entendemos que esse discurso nós já vimos e não nos agrega nada. Queremos de fato é fazer a diferença, literalmente: “Ceux qui marchent contre le vent”.
Nessa toada não nos associaremos a qualquer órgão religioso, não teremos qualquer preconceito sobre raça, cor, status social e opção sexual. Pouco importa isso, o que nos apetece é o ser humano e mais nada. Bem como, não teremos um presidente, pois, todos terão voz e todos serão presidentes.
Meu coração muito se alegra, ainda que embora, tenha estendido o convite há 50 pessoas, apenas 8 sinalizaram que desejam se engajar nessa causa. Vamos em frente, pois nunca fui mesmo de andar com a manada, aliás, como dizia o filósofo e teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard: “A verdade não está na multidão”. E não está mesmo! Sem ser clichê: “Melhor minoria com qualidade do que maioria oca”.
Sabedores que o tempo nosso é limitado, não devemos desperdiçar vivendo a vida alheia, não se deixem limitar por dogmas, que são resultados do pensamento de outros. Não deixem que o barulho das vozes de outros sufoque a sua voz interna. O principal: sigam seu coração e vossas intuições, eles sabem o que vocês realmente querem ser.
Nesse sentido, faço coro com o poema Invictus de William Ernest Henley, que durante 27 anos sustentou Nelson Mandela, quando esteve preso na Ilha Robben:
“DA NOITE QUE ME COBRE,
NEGRA COMO UM POÇO DE ALTO ABAIXO,
AGRADEÇO QUAISQUER DEUSES QUE EXISTAM
PELA MINHA ALMA INCONQUISTÁVEL.
NA GARRA CRUEL DA CIRCUNSTÂNCIA
EU NÃO RECUEI NEM GRITEI
SOB OS GOLPES DO ACASO
MINHA CABEÇA ESTÁ SANGRENTA, MAS ERETA.
ALÉM DESTE LUGAR DE FÚRIA E LÁGRIMAS
SÓ O EMINENTE HORROR MATIZADO,
E CONTUDO A AMEAÇA DOS ANOS
ENCONTRA E ENCONTRAR-ME-Á, SEM TEMOR.
NÃO IMPORTA A ESTREITEZA DO PORTÃO,
QUÃO CHEIO DE CASTIGOS O PERGAMINHO,
I AM THE MASTER OF MY FATE:
SOU O DONO DO MEU DESTINO:
I AM THE CAPITAIN OF MY SOUL.
SOU O CAPITÃO DA MINHA ALMA.
Destarte, aguardem notícias nossas, e possivelmente teremos um blog sobre nossos passos. E aguardar para ver...
O que fazemos aqui, senhoras e senhores: ecoa pela eternidade!
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