domingo, 7 de agosto de 2011

CRÔNICAS AVULSAS: A TERCEIRA MARGEM DO RIO DO PEIXE




Já parou para pensar em qual seria nossa única ou únicas certezas – que temos na vida? Tarefa um tanto complicada, confesso; e que cada um responderia ao seu modo, o que é certo também – já que todos somos seres pensantes e com suas próprias cosmovisões, portanto, não existe certo ou errado nesse quesito. Mas eu cá pensando, certo dia admirando o Rio do Peixe, que perpassa toda a cidade de Socorro; cheguei a duas certezas filosóficas gerais que temos na vida, e ouso arriscar dizer: transformação e morte.

É do grego Heráclito a famosa frase: “Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio.”

Toda vez que me lembro disso, me vêm à mente que somos seres em eterna transformação, ou como cantava o Raul Seixas: “Eu prefiro ser / Essa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião / Formada sobre tudo.” Interagimos. Sociabilizamos. Vivemos. Aprendemos. Mudamos. E por fim – nos transformamos; uns para melhor outros para pior. Tudo dependerá tão somente de você mesmo.

A cada dia em que vivemos não nos banhamos no rio da vida por duas vezes. Assim, como na frase de Heráclito; não conseguimos nos banhar no mesmo rio por duas vezes, pois as águas mudam, correm, seguem seu fluxo; e aquela que nos banhou há segundos atrás, não é mesma de agora, pois ela já se foi. Assim como nós: seres em constante transformação. Mas, algumas pessoas preferem não mudar, e escolhem a estagnação para suas vidas. Esqueceram que sempre existe um copo de mar para se navegar; quando se quer. Para o inerte; não há caminho. Faz-se caminho ao caminhar.

Nas profundezas de cada alma, onde moram os mais estranhos e sinceros desejos, o ser humano sonha ser livre, para escolher seu caminho, mesmo que errado, e para falar o que sente, mesmo se não agradar. Muitos têm medo das transformações, mas poder contar sempre com elas é reconfortante – num mudo cheio de incertezas mil.

Que alinhado mesmo, seja somente a morte então; pois essa não há como se remediar. As demais coisas, que variem de uma margem a outra na vida e que cada um possa encontrar a sua terceira margem do rio, já que ela transcende o visual, pois, somente existe em qualquer rio que se olhe: duas margens.

Nenhum construtor, por mais hábil que seja, pode construir em teu lugar as pontes de que precisa passar; para atravessar o rio da vida. E alguns rios só se passam, quando conseguimos transformar a nós mesmos...

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Crônica publicada no Jornal da Cidade de Socorro, em 05/08/2011 - edição 35.

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