The Wrinkles of the City. La Havana , Rafael Lorenzo y
Obdulia Manzano, Cuba, 2012, retirado do site: http://www.jr-art.net em 14/11/2013.
O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel,
2011) é um simpático exemplar sobre um grupo de aposentados ingleses que
decide, com pouco dinheiro, aproveitar o luxo que o referido hotel do título
pode oferecer. Para isso, deixam o país e rumam para a Índia, onde esperam ter
dias exóticos e cheios de conforto. Entretanto, o ponto de partida para essa
jornada pessoal de cada um deles é quando se deparam, na verdade, com um local
de hospedagem decadente e de infraestrutura precária.
Nos vários personagens do filme uma nota percorre cada um
deles, ou seja, é necessário mudar. A maioria deles consegue mudar e se adaptar
a nova realidade que a Índia lhes oferece, uma não consegue e resolve voltar
para seu lar (embora no filme, ela sempre deixou claro que não conseguiria se
adaptar a Índia e as demais pessoas do seu convívio no Hotel Marigold)
inclusive com seu próprio marido, com quem vive uma relação desgastada e
decadente.
No filme temos uma troca de experiências e desabafos
colocados de forma simples e de fácil identificação com os espectadores, sem
exaltar o sofrimento dos términos, mas enaltecendo o amor próprio, o desapego e
as infinitas possibilidades que a vida nos oferece de começar tudo de novo e
(quem sabe) ser feliz!
O Raduan Nassar, no excelente livro: “Lavoura Arcaica” disse
isso: “Os homens que não se rebelam
contra o curso da corrente do tempo recebem dele os favores e não suas iras.” Digo
isso, pois no filme todos os personagens centrais estão em idade avançada e
mesmo assim conseguem se reinventar. Numa sociedade que enaltece e vive a
síndrome do “Peter Pan” onde todos querem ser eternamente jovens e nunca
envelhecer, o filme pode sim nos ensinar muito nesse aspecto.
Creio que somente quando paramos para ver o tempo é que
percebemos o valor do que temos. É necessário ter tempo para ver o tempo. Mas
algo me diz, que numa sociedade alucinada como a nossa e no frenesi em que as
pessoas vivem isso se torna cada vez mais raro. Para a maioria de nós a vida é
agitada. A correria diária, para nós que temos de enfrentar ônibus, trens,
carro e metrô, põe nossos nervos à prova, e o ritmo que temos de seguir, bem
como os problemas que temos de suportar no trabalho exercem sobre nós uma
pressão diária. Por outro lado, complicações da vida familiar consomem todo o
tempo livre que conseguimos conquistar para nós. E ficamos tão ocupados, tão
pressionados, tão intensamente emaranhados na presa global que agita a vida que
nos esquecemos de olhar para nossas vidas com um olhar crítico e mudar. Esses
que não conseguem mudar caem no que disse o poeta anglo-americano W. H. Auden:
“Preferimos ser destruídos a
ser transformados.”
Já eu quero é viver minha vida como nesse poema monumental do
Drummond:
RECOMEÇAR
“Não importa onde você
parou...
Em que, momento da vida você
cansou...
O que importa é que sempre é
possível e necessário recomeçar.
Recomeçar é dar uma nova
chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na
vida e, o mais importante...
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito neste período?
Foi aprendizado...
Chorou muito?
Foi limpeza de alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu só por diversas vezes?
É porque fechastes a porta
até para os anjos...
Acreditou que tudo estava
perdido?
Era o início de tua melhora.
Onde você quer chegar?
Ir alto?
Sonhe alto...
Queira o melhor do melhor...
Se pensarmos pequeno,
coisas pequenas teremos...
Mas se desejarmos fortemente
o melhor e
principalmente lutarmos pelo
melhor.
O melhor vai se instalar em
nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo
que vejo
E não do tamanho da minha
altura.”
***
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