sexta-feira, 15 de novembro de 2013

EXCERTOS DA 7º ARTE (PARTE XVIII)


The Wrinkles of the City. La Havana, Rafael Lorenzo y Obdulia Manzano, Cuba, 2012, retirado do site: http://www.jr-art.net em 14/11/2013.

O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel, 2011) é um simpático exemplar sobre um grupo de aposentados ingleses que decide, com pouco dinheiro, aproveitar o luxo que o referido hotel do título pode oferecer. Para isso, deixam o país e rumam para a Índia, onde esperam ter dias exóticos e cheios de conforto. Entretanto, o ponto de partida para essa jornada pessoal de cada um deles é quando se deparam, na verdade, com um local de hospedagem decadente e de infraestrutura precária.

Nos vários personagens do filme uma nota percorre cada um deles, ou seja, é necessário mudar. A maioria deles consegue mudar e se adaptar a nova realidade que a Índia lhes oferece, uma não consegue e resolve voltar para seu lar (embora no filme, ela sempre deixou claro que não conseguiria se adaptar a Índia e as demais pessoas do seu convívio no Hotel Marigold) inclusive com seu próprio marido, com quem vive uma relação desgastada e decadente.

No filme temos uma troca de experiências e desabafos colocados de forma simples e de fácil identificação com os espectadores, sem exaltar o sofrimento dos términos, mas enaltecendo o amor próprio, o desapego e as infinitas possibilidades que a vida nos oferece de começar tudo de novo e (quem sabe) ser feliz!

O Raduan Nassar, no excelente livro: “Lavoura Arcaica” disse isso: “Os homens que não se rebelam contra o curso da corrente do tempo recebem dele os favores e não suas iras.” Digo isso, pois no filme todos os personagens centrais estão em idade avançada e mesmo assim conseguem se reinventar. Numa sociedade que enaltece e vive a síndrome do “Peter Pan” onde todos querem ser eternamente jovens e nunca envelhecer, o filme pode sim nos ensinar muito nesse aspecto.

Creio que somente quando paramos para ver o tempo é que percebemos o valor do que temos. É necessário ter tempo para ver o tempo. Mas algo me diz, que numa sociedade alucinada como a nossa e no frenesi em que as pessoas vivem isso se torna cada vez mais raro. Para a maioria de nós a vida é agitada. A correria diária, para nós que temos de enfrentar ônibus, trens, carro e metrô, põe nossos nervos à prova, e o ritmo que temos de seguir, bem como os problemas que temos de suportar no trabalho exercem sobre nós uma pressão diária. Por outro lado, complicações da vida familiar consomem todo o tempo livre que conseguimos conquistar para nós. E ficamos tão ocupados, tão pressionados, tão intensamente emaranhados na presa global que agita a vida que nos esquecemos de olhar para nossas vidas com um olhar crítico e mudar. Esses que não conseguem mudar caem no que disse o poeta anglo-americano W. H. Auden:

“Preferimos ser destruídos a ser transformados.”

Já eu quero é viver minha vida como nesse poema monumental do Drummond:

RECOMEÇAR

“Não importa onde você parou...
Em que, momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é possível e necessário recomeçar.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...

É renovar as esperanças na vida e, o mais importante...
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito neste período?
Foi aprendizado...

Chorou muito?
Foi limpeza de alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu só por diversas vezes?
É porque fechastes a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início de tua melhora.

Onde você quer chegar?
Ir alto?
Sonhe alto...
Queira o melhor do melhor...
Se pensarmos pequeno,
coisas pequenas teremos...

Mas se desejarmos fortemente o melhor e
principalmente lutarmos pelo melhor.
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo
E não do tamanho da minha altura.”


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