segunda-feira, 21 de julho de 2014

CRÔNICAS AVULSAS: PASSEIO MULTICULTURAL DA DONA HELENA


“Na essência somos todos iguais, nas diferenças nos respeitamos.”
_Santo Agostinho

 
Com no mínimo um mês de antecedência dona Helena já conclamava: “Dia 20 de Julho, iremos na 19ª Festa do Imigrante”. Como era voto vencido e minoria na casa, apenas acenava com um sim de cabeça e dizia resignado: “Claro, iremos sim.” Não adianta caro leitor, algumas coisas na vida não valem à pena serem contestadas e nem contrariadas. Vive melhor aquele que sabe obedecer – já dizia o conselho dos antigos.
O dia finalmente chegou. Fomos. Antes, como sempre nessas terras Tupiniquins – pegamos uma fila (aliás, qual evento aqui no Brasil não se pega uma fila?) sinceramente não conheço um, e ouso afirmar que o Brasil não é o país do futebol, mas sim das filas. Mas, deixemos as filas nossas de todos os santos dias de lado, e voltemos a 19ª Festa do Imigrante, que ocorre entre os dias 20, 26 e 27 de julho no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, que é um primor.

Essa grande festa já ocorre há 19 anos, trazendo gastronomia, arte, música e dança de diversas nacionalidades que compõem a diversidade cultural de São Paulo e ainda traz em seu bojo o resgate da história de mais de 2,5 milhões de pessoas que passaram pela antiga Hospedaria dos Imigrantes no Brás desde final do século XIX.   
Nessa edição estão devidamente representadas mais de 40 nacionalidades, organizadas em 43 expositores de alimentação, 41 grupos de música e dança e 31 artesões. Na compra do ingresso, além de aproveitar tudo que essa festa oferece, você ainda tem acesso ao Museu. Sem esquecer é claro – que ainda existe a possibilidade de um passeio na tradicional Maria Fumaça (valor a parte do ingresso).

Fiquei impressionado com a gastronomia dos países que pouco conhecia, como Lituânia, Moçambique, Peru, Síria... Uma riqueza de aromas, cores e formatos saltam aos nossos olhos. Os doces típicos desses países e de outros também são um capítulo à parte. Vale à pena conferir, a sábia dona Helena tinha razão.
Enquanto caminhava por entre as barracas, olhando o que de melhor existia em cada país, foi impossível não pensar no oposto, ou seja, na intolerância desmedida e na maldade humana que chegou a tal ponto de brutalidade – que derrubaram recentemente o avião da Malaysia Airlines que levava 298 passageiros na Ucrânia.

Penso que a maldade humana não tem limites. E cada dia que passa, estamos bem distantes do que aconselhava Santo Agostinho no início dessa crônica – para nossa tristeza e dor...
Contudo, enquanto ainda nos restar tempo – que celebremos a vida com respeito aos outros e a sua multiplicidade cultural exuberante.

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