“Na
essência somos todos iguais, nas diferenças nos respeitamos.”
_Santo
Agostinho
Com no mínimo um mês de
antecedência dona Helena já conclamava: “Dia 20 de Julho, iremos na 19ª Festa
do Imigrante”. Como era voto vencido e minoria na casa, apenas acenava com um
sim de cabeça e dizia resignado: “Claro, iremos sim.” Não adianta caro leitor,
algumas coisas na vida não valem à pena serem contestadas e nem contrariadas. Vive
melhor aquele que sabe obedecer – já dizia o conselho dos antigos.
O dia finalmente chegou. Fomos.
Antes, como sempre nessas terras Tupiniquins – pegamos uma fila (aliás, qual
evento aqui no Brasil não se pega uma fila?) sinceramente não conheço um, e
ouso afirmar que o Brasil não é o país do futebol, mas sim das filas. Mas, deixemos
as filas nossas de todos os santos dias de lado, e voltemos a 19ª Festa do
Imigrante, que ocorre entre os dias 20, 26 e 27 de julho no Museu da Imigração
do Estado de São Paulo, que é um primor.
Essa grande festa já ocorre há
19 anos, trazendo gastronomia, arte, música e dança de diversas nacionalidades
que compõem a diversidade cultural de São Paulo e ainda traz em seu bojo o
resgate da história de mais de 2,5 milhões de pessoas que passaram pela antiga
Hospedaria dos Imigrantes no Brás desde final do século XIX.
Nessa edição estão devidamente
representadas mais de 40 nacionalidades, organizadas em 43 expositores de
alimentação, 41 grupos de música e dança e 31 artesões. Na compra do ingresso,
além de aproveitar tudo que essa festa oferece, você ainda tem acesso ao Museu.
Sem esquecer é claro – que ainda existe a possibilidade de um passeio na
tradicional Maria Fumaça (valor a parte do ingresso).
Fiquei impressionado com a
gastronomia dos países que pouco conhecia, como Lituânia, Moçambique, Peru,
Síria... Uma riqueza de aromas, cores e formatos saltam aos nossos olhos. Os
doces típicos desses países e de outros também são um capítulo à parte. Vale à
pena conferir, a sábia dona Helena tinha razão.
Enquanto caminhava por entre as
barracas, olhando o que de melhor existia em cada país, foi impossível não
pensar no oposto, ou seja, na intolerância desmedida e na maldade humana que
chegou a tal ponto de brutalidade – que derrubaram recentemente o avião da
Malaysia Airlines que levava 298 passageiros na Ucrânia.
Penso que a maldade humana não
tem limites. E cada dia que passa, estamos bem distantes do que aconselhava
Santo Agostinho no início dessa crônica – para nossa tristeza e dor...
Contudo, enquanto ainda nos
restar tempo – que celebremos a vida com respeito aos outros e a sua
multiplicidade cultural exuberante.
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