quinta-feira, 25 de setembro de 2014

CRÔNICAS AVULSAS: O JORNALEIRO


Vejo ele todos os dias quando estou indo para o trabalho – exceto aos finais de semana. Ele fica na travessa da Av. Brigadeiro Faria Lima com a Av. Cidade Jardim, onde distribui os jornais do Metro no semáforo. Não tenho a menor idéia de como se chama, mas sou um admirador seu; pois ele simplesmente não entrega apenas os jornais, mas palavras de esperança, amizade e paz. Nunca o vi com a cara fechada, pelo contrário – está sempre alegre em meio aos ônibus, motos, carros e pedestres que cruzam pelo seu caminho.

Sempre fico pensando: “Como ele pode ser assim?” Confesso que não sei. Talvez como dizem os franceses: "Toute ma vie je me suis amusé, je me suis fabriqué mon petit théâtre." Tradução: "Toda a minha vida eu me diverti, eu fiz o meu pequeno teatro." Sim, ele se diverte e faz da rua o seu pequeno teatro.

Acredito que pessoas assim vivem bem mais do que a maioria das pessoas. Aliás, a grande maioria já acorda de mau humor, emburrados ou bravos – basta olhar no metrô, ônibus, carros e elevadores. O estresse é de proporção gigantesca e a cara fechada à normalidade dos nossos dias. Pessoas como esse meu amigo auspicioso – destoam das demais, talvez por isso ele me cause tamanha impressão; dia após dia.  

Engraçado que até Cristo já previa isso, quando disse nos Evangelhos: “Basta a cada dia o seu mal”. Sim, dias carregados e cinzentos, e em alguns hiatos: felicidade e esperança.

Mas, a vida segue: boa para alguns ou ruim para outros.

Amanhã, ele estará novamente no semáforo, cumprindo com a sua rotina e mantendo o mesmo sorriso largo no rosto e espalhando palavras boas para as pessoas. Presta assim numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, um belo testemunho e a despeito de tudo isso – nos ensina a não desertarmos do nosso posto e a termos esperança.

Oxalá que no mundo tivessem mais pessoas como essa, talvez assim teríamos um mundo bem melhor...



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1 comentários:

  1. Sensível! Um sorriso para o teu jornaleiro...obrigada pelo post!

    _Luciana M. Furlan de Mendonça

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