Sete Maçãs
(1877) de Paul Cézanne
Que vivemos na era do
capitalismo, nada de novidade. Que vivemos na era do consumismo desenfreado,
nenhuma novidade. Que o Brasil está afundado em uma crise financeira sem
precedentes, com o dólar quase chegando a custar R$ 5,00, e mesmo assim um
brasileiro é o primeiro no mundo a comprar um iPhone 6s Plus, por $ 1.530,00
dólares australianos, o equivalente a R$ 4.200,00 – isso sim é novidade. Ainda mais
alçada aos píncaros das futilidades humanas, quando o presidente-executivo da
Apple, Tim Cook – faz menção desse feito via seu twitter. Assim é a vida caro
leitor.
Confesso que quanto tomei
conhecimento que o estudante brasileiro, Vitor José da Cunha Epiphanio, foi a
primeira pessoa no mundo a comprar o mais novo brinquedo da Apple, o iPhone 6s
Plus, fiquei espantado. Queria muito acreditar que a crise econômica no Brasil,
tinha acabado, mas isso foi apenas um devaneio meu.
Vitor foi capaz de acampar na
loja da Apple na Austrália, desde do dia 21, pois a venda só seria à partir do
último dia 25 de setembro. Quanta obstinação! Cinco dias numa fila para comprar
um celular, realmente não é para qualquer um. E o melhor ainda estava por vir,
quando o jovem Vitor nos brindou com essa pérola em sua fala:
“Eu
zerei a vida. Ele é só o CEO da maior empresa do mundo”.
Ele disso isso em referência ao
twitter de Tim Cook.
Preciso ser sincero: não tenho
nada contra a Apple! Aliás, meu celular é um iPhone 4s, que estou muito
satisfeito e que me atende muito bem. A questão aqui não é também a crise
financeira que o Brasil se meteu, graças a nossa Presidenta e muito menos a
fala jovem Vitor ou do Tim Cook – agradecendo em nome do capitalismo a primeira
compra no mundo do seu novo celular.
A questão é remota. Vem desde
nossa criação – nos jardins do Éden. E está entranhado em nosso ser - simplesmente:
desejo. Que também para nossos antepassados já era desenfreada e hoje contínua
nessa mesma toada. Note que se a humanidade não fosse tanto insana no tocante
ao seu desejo tresloucado do “ter” de que valeria o conteúdo dessa matéria – tão
alardeada em vários meios de comunicação? Simplesmente de nada.
Mais importante do que zerar a
vida, comprar o objeto de desejo da última hora, ter seus cinco minutos de
fama, é aprender a zerar nossos desejos – quem sabe a vida pode se tornar mais
leve e melhor assim.
E já que somos seres que desejam, desejo que desejes com
discernimento e com alvos bem mirados e que não pense tanto em comprar, mas em
viver...
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