sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

CRÔNICAS AVULSAS: ULTRAROMANCE E SUA FILOSFIA DE VIDA



Eu o conheci através de sua conta no Instagram. Um sujeito barbudo, que postava fotos lindas de bicicleta em lugares memoráveis. Entre uma curtida e outra, foi pesquisando mais a seu respeito. Creio inclusive que poucos conheçam sua história e seu objetivo de vida. Seu nome é Benedict, americano de Connecticut de 35 anos de idade, mais conhecido como Ultra Romance no mundo virtual, ele viaja o mundo com sua bicicleta, e já confessou:

“Não gosto de trabalhar. E somente trabalho seis meses e depois volto a viajar”.

Ou seja, trabalha apenas para juntar dinheiro para suas viagens, e vive por dia com US$ 10,00. Ora, esse não seria o sonho de muitos de nós? Bom, não sei o seu, mas é o meu! Esse aventureiro não possui carro e nunca viveu em um mesmo lugar por mais de seis meses e guarda seu dinheiro – que ganha trabalhando como pescador ou guia – em pequenos sacos, que ele costuma enterrar. E pelas suas andanças ao redor do mundo já foi para Nova Zelândia, Canadá, Inglaterra...

Em uma entrevista sua ao Business Insider, declarou:

“Nós temos essa idéia pré-concebida do que o sucesso significa nesse mundo moderno. Para mim é parte de uma filosofia, de uma circunstância. Eu estudo história e antropologia e eu não tenho vergonha de não gostar de trabalhar”.

Benedict é um daqueles sujeitos que dariam um belo filme! Seu desapego as coisas materiais é impressionante. Me fez lembrar de Epicuro, filosofo da Grécia antiga, cujos inúmeros testemunhos fidedignos atestam que, no célebre Jardim de Epicuro (onde ficava sua escola) vicejava uma autêntica comunidade, na qual mestre e discípulos viviam de maneira quase ascética, consumindo apenas as hortaliças que eles próprios cultivavam, às quais acrescentavam apenas pão e água, ou ainda queijo em ocasiões especiais. E o seu legado para a história foi o termo epicurismo, derivado do seu nome, que nada mais é do que um sistema filosófico que prega a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranqüilidade e de libertação do medo. Eis o que o próprio Epicuro nos diz:

“Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos, como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma.”

Benedict em pleno século XXI, ao dar de ombros para o capitalismo reinante e ao consumismo desenfreado que grassa por todos os lados (ainda mais em época de natal, como agora – desvirtuando o seu verdadeiro sentido) nos ensina que: sim é possível termos outro tipo de vida!

A sua conta no Instagram é @ultraromance – atualmente pela última postagem que vi – ele já estava em Portugal, pedalando: livre, leve e solto de preocupações da alma...


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