sábado, 2 de janeiro de 2016

CRÔNICAS AVULSAS: AOS GENTIS DE FINAL DE ANO



Foto de Steve McCurry.

É muito sutil. Aliás, tão sutil que lembra uma filigrana, ou seja, já parou para pensar na diferença entre generosidade e ser gentil? Parecem iguais, porém, não são. E quando chegamos na época de final de ano com a proximidade do natal e ano novo, me parece que de uma hora para outra, como num passe de mágica do Houdini as pessoas se transformam. Podemos ver isso no tratamento aos caixas dos mais variados segmentos: bancos, supermercados, lojas...

Entra em cena o ser humano gentil do final de ano. Pessoas que sequer agradeciam após serem bem atendidas, agora passam a desejar de forma alvissareira: “Feliz natal, feliz ano novo, ótimo ano para você...” No lugar da grosseria entra o ser humano gentil.

Oxalá que tais cumprimentos fossem o ano inteiro, e não apenas em uma época específica do ano.

Generosidade é o maior sentimento que existe. Bem superior ao ser “gentil”. Porque nele moram a gratidão, o amor, o respeito, a alegria e a esperança. É compartilhar o que você tem, na certeza de que nada lhe faltará. Ser generoso é ser conectado com a sua alma. Ser gentil pode ser momentâneo, pode ser um tipo de simpatia. Toda pessoa generosa é gentil, mas nem toda pessoa gentil é generosa.

Adoro a pensadora Simone de Beauvoir, eis o que ela nos diz: “Esta é o que considero a verdadeira generosidade. Você dá tudo de si, e ainda sente como se não lhe tivesse custado nada.”

No tradicional badalar da meia-noite a maioria dos brasileiros fazem os seus pedidos aos céus, longe de querer ser piegas, que tal reconsiderar seu pedido para esse ano de 2016? Que tal prometer a si mesmo, que nesse ano assumirá uma postura de um ser humano mais generoso com todos?

Garanto que nessa oração e comprometimento com a generosidade seu ano será diferente. Pois há com essa atitude uma doação de algo pessoal, algo que se tem e o outro não. As possibilidades de podermos ser generosos em 2016 são inúmeras, podemos ser generosos com o nosso dinheiro que possuímos (e poderemos afirmar como na música: ‘E que você diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem’) podemos ser generosos com o nosso tempo, generosos com nossas idéias, nossos afetos...

Pessoas sempre atentas às necessidades dos outros e que se doam para colaborar são generosas e não apenas gentis de final de ano.

Pense nisso.
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3 comentários:

  1. Posso curtir mil vezes?

    Mayara Santos

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  2. Amor, você sempre me surpreende com sua escrita, pensamento e com sua forma simples e ao mesmo tempo filosófica de escrita.

    Parabéns!

    Beijo!

    Alexandra Collazo.

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  3. Oi Alexandra e Mayara, obrigado pela leitura!!!

    =)

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