quinta-feira, 5 de junho de 2008

MENSALÃO, CPI, LULA-LÁ E PT

FIZ ESSE TEXTO NO AUGE DO MENSALÃO, E HOJE, QUANDO POSTO ELE AQUI, VEJO QUE NÃO MUDOU NADA...


“HOMO SUUN ET HUMANI NIHIL A ME ALIENUM PUTO”. Terêncio (194 – 159 a.C.), poeta latino.

Sou filho de meu tempo, e por isso tenho que dar meu testemunho enquanto escrevo está coleção de reflexões, sobre o ocorrido em meu país, e em especial, no meio político, que esta em voga na mídia e nos demais veículos de informações. E que enfrenta deveras uma grande crise, jamais vista neste país.
Segundo Max Weber, sociólogo alemão que escreveu em 1918, existe apenas duas motivações, que podem levar alguém a se dedicar à política: “a vontade de atingir um objetivo específico – um ideal ou um interesse pessoal – ou o deslumbramento pelo poder como fim em si mesmo”. Bom, destas duas vertentes expostas, acredito que excelentíssimo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esteja mais deslumbrado e adepto ao poder como um fim em si mesmo. Haja vista, que até pouco tempo, sua alta cúpula disse, abertamente em um encontro no Rio de Janeiro, que eles o (PT) haviam assumido o governo, “vendendo sonhos”, e que chegaram realmente à Presidência da República sem ter um projeto claro de governo. E que somente agora, passados mais de dois anos de experiência, é que eles estariam construindo um novo projeto. Para corroborar isso, faço-me das palavras de um cardeal do PT, a saber Silvio Pereira, secretário-geral do partido, no qual o mesmo disse assim:
“Ninguém no PT pode dizer em sã consciência que no primeiro dia do governo Lula tinha um programa para ser implementado”. Minha mãe muito sabia, possui um vasto conhecimento de bordões diuturnos, e me fez lembrar de um sobejamente conhecido por muitos, que quero compartilhar aqui: “Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza”. É talvez, seja isso que aconteceu com Lula, além de seu embasbacamento pelo poder.

Recordo-me também de uma frase, que ouvi quando ainda era uma criança, porém não me recordo do autor, que dizia assim: “As pessoas não mudam quando chegam ao poder. Elas se revelam”. Mediante isto aprendi mais uma faceta de Lula, aliás, duas, que é a sua omissão descarada, e falta de força para coagir os desmantelos, praticado por políticos ligados direto ou indiretamente ao seu governo. Lula se parece muito com o deus romano, cujo nome era Janus, que tinha duas faces. Ou seja, uma face de Lula se chama omissão e a outra covardia. Falta-lhe coragem, para bater a mão na mesa, e chutar a mesma se necessário for, como fez Jesus, ao expulsar os mercadejadores da sinagoga. E ser o contra-ponto dessa avalanche de corrupção e lodo parlamentar que assola o país há mais de 500 anos, desde de sua colonização pelos portugueses, até nossos dias. Já dizia, Alexander I. Soljenitsin: “É preciso que alguém saliente que, desde tempos remotos, o declínio da coragem tem sido considerado o primeiro sintoma do fim”. E Lula com sua nova postura, vive amplamente esta frase. Falta-lhe brios de outrora, quando discursava nos palanques, da CUT, MST e outros... Fazendo suas asseverações e críticas e etc. Aliás, o PT e Lula, passaram a ser vidraça ao invés de pedra.

Para aqueles, que devem estar se perguntando, o porque de tais críticas apenas recordo-lhes, que o líder do PTB, Roberto Jefferson, disse em entrevista à, Folha de S. Paulo, que quando comunicou o Presidente Lula sobre todo o esquema do mensalão, a reação do mesmo foi chorar, e que após isso a mesada dos parlamentares da base aliada do seu governo PL e PP estancou. Mas me pergunto, e os responsáveis pela mesada, o que Lula fez com os mesmos? Absolutamente nada, por pura conveniência partidária, e para não causar escândalos, que viriam a macular sua imagem, pois um dos “cabeças” e mandantes do mensalão era o José Dirceu (ex- ministro da Casa Civil), mais Delúbio Soares, que por infortúnio do destino é justamente o tesoureiro-geral do PT. E Lula, até a última hora, queria barrar a CPI. Como dizia o saudoso humorista Barão de Itararé que: “o problema do governo não é a falta de persistência, mas a persistência na falta”.

Cazuza, cantava em um de seus célebres e imortais refrões: “A tua piscina está cheia de ratos, suas idéias não correspondem aos fatos”. Dois caminhos, duas propostas. Primeira, ser omisso, conivente, e conviver com este vil covil de ratos, que um dia mas cedo ou mais tarde, pode se voltar contra o próprio Presidente, e pedir sua “cabeça”. Ou segunda opção, romper com estes, que grassam a corrupção no país. E fazer brandir a justiça, e que todos os corruptos sejam punidos severamente, independentemente de seu partido, para que todo povo brasileiro tenha orgulho, do Presidente que esta à frente deste país. Onde com certeza, nossos filhos irão saber num futuro vindouro, que existiu alguém que foi contra a correnteza, que afundava cada vez mais o Brasil, e mergulhava seu nome na lama. Onde acredito plenamente, que o Presidente, que fizer isso terá sempre, seu nome no rol de ilustres HOMENS que este país já produziu. E a nós resta um terceiro caminho, que é esperarmos a postura de Lula, para sabermos qual caminho irá escolher...

Digno de nota, é também recordar que as palavras de Roberto Jefferson, que a CPI é “chapa branca”, ou seria melhor chamar de uma bela pizza/branca? Digo pizza primeiro, pois geralmente nunca dá em nada as investigações, e pouco vêm à tona, para luz do dia, para um digno esclarecimento a população brasileira. E branca – porque está CPI, tem como seu relator principal um homem, adivinhem de que partido? Do próprio PT.

Acredito em meu país. Acredito que ainda tenha políticos honrados no senado, e que muitos irão ainda surgir. E que todo esse lodo parlamentar um dia há de mudar, para melhor. E faço votos, para o que Rui Barbosa, descreve abaixo, oxalá nunca vingue.
“De tantos ver as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra a ter vergonha de ser honesto”. (Senado Federal, RJ. Obras completas, Rui Barbosa. SA. V.41, t.3, 1914, p.86)

Para aqueles que ainda, estejam inquietos com a frase em latim que citei no começo deste texto, e estejam tentando fazer uma conexão com tudo o que escrevi aqui, informo a tradução:
“Sou humano, e nada do que é humano me é estranho”. Ou seja, nada do que esteja acontecendo em meu tempo, me é excêntrico. Pois são mais de 500 anos de corrupção, como dizem alardeando os políticos, quando são questionados sobre a atual crise enfrentada na política brasileira. E bem sabemos que 500 anos não são 500 dias. Porém, a despeito disso tudo, tal metástase não deve se perpetuar infinitamente em nosso meio.



PS. A sociedade perfeita é um sonho, uma utopia. Tornar nossa sociedade menos injusta não deveria ser contudo, mera possibilidade, mas uma necessidade e uma preocupação de todos nós...

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