“Cresceu o menino, e foi desmamado, e Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado. Mas Sara viu que o filho de Hagar, a egípcia, o qual ela dera à luz a Abraão, zombava de Isaque, e disse a Abraão: Deita fora esta escrava e o seu filho”. (Gênesis cap. 21. 8 – 10a).
Viver é fácil; a gente é quem complica. Já dizia a frase em um muro utilizado para propaganda, com quem me deparo todos os dias, quando estou indo trabalhar. Aliás, creio que esta simples frase tenha verdades profundas, pertinentes a todos nós nestes dias atuais. Porque nós seres humanos, somos especialistas em conseguir de alguma forma, transformar momentos de pura alegria e plena satisfação, em momentos seguintes de tristeza, chateação exacerbada e mau humor, por causa de coisas ínfimas. E novamente como dizia a frase, tornamos a complicar tudo.
Para sua surpresa caro leitor, isto não é apenas uma “doença deste século”, dos nossos dias atuais, devido a inúmeras causas e fatores, sendo o fator da moda e principal causador – estresse. Sim, caro leitor, pode acreditar esta questão é de tempos remotos, aliás, milenar.
Vejam o texto supra citado, que é a concretização da promessa de Deus, ao nosso patriarca da fé, Abraão. Que aos cem anos de idade, vê o milagre do nascimento de Isaque acontecer (cf. Gn 17.19). Quando nasceu Isaque, a alegria do casal foi imensa. E, diga-se de passagem, o nome Isaque em hebraico, significa riso, alegria.
E aos oito dias o menino foi circuncidado de acordo com o pacto feito com Deus (cf. Gn 17.10). E festejaram este dia com um grande banquete, conforme diz o texto. Tudo estava indo maravilhosamente bem, até que Sara viu que Ismael, o filho da egípcia, que zombava de Isaque. Pronto! Foi o estopim que estava faltando, para que o momento de alegria e júbilo da festa, fosse trocado pela chateação e tristeza, e tudo fosse por água abaixo. E o desfecho desta história, foi muito além do que se imagina. Pois foi a partir desta cisão, que a nação árabe teve seu início, tendo seu predecessor Ismael, e do outro lado, os judeus com Isaque. E ainda hoje vemos o desdobramento triste e danoso deste rompimento familiar, só que agora de forma sangrenta, entre o povo árabe e o povo israelita (judeus).
Creio que nós também não estejamos longe disso, pois basta algo nos acontecer, que já ficamos de cara emburrada, tristes, e de mau humor (o que é pior). Aprendi com a vida, que a felicidade, é muito mais um jeito de como se vai, do quem um fim em si mesmo. Aliás, também aprendi a separar, o que é um problema grave do que é uma chateação, que, aliás, esta última é a que predomina em muitos casos, para minha tristeza. Não aprendemos a separar isso. Por exemplo:
“Sol de mais, frio de mais. Sete quilos a mais, chefe que sempre está de mau humor. O cachorro da vizinha que sempre late demais, o parente que sempre aparece na hora inoportuna...” E a lista é interminável...
E quando nos damos conta de que isto não é um problema sério, e aprendemos que isso não passa de chateação, podemos viver em uma outra dimensão, que é infinitamente excelente, que é não perder a ALEGRIA, por coisas fúteis. E lhe peço caro leitor, não deixe que estas pequenas coisas lhe corroam a felicidade, assim como um cupim corrói uma madeira. Passe nela antes um protetor, que se chama alegria e se revista da mesma no seu dia-a-dia, e não se deixe abater por estas meras chateações da vida; onde acabamos perdendo e estragando momentos lindos das nossas vidas, que nunca mais voltarão atrás.
Como dizia Kahlil Gibran (1883-1931) poeta libanês.
“Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, à bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores”.
Que possamos a exemplo disso, tirar de cada situação desagradável – que queira roubar a nossa alegria, algo de bom, e acima de tudo coloca-lo no seu devido lugar, pois deveras não passa de uma mera chateação.
E não se esqueça: a vida é fácil; e, por favor – não queira complica-lá. A citação de Erico Verissmo é fundamental:
“Felicidade é a certeza de que nossa vida não está se passando inutilmente.”
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