sábado, 24 de janeiro de 2009

CUIDADO COM SEUS DESEJOS

“Não possuir algumas das coisas que desejamos é
parte indispensável da felicidade.” – Bertrand Russel



Recentemente revi o filme Amadeus, que ganhou 8 Oscar em 1984, incluindo o de melhor filme. De fato, uma obra da sétima arte – excelente, que se passa no ano de 1781. Antônio Salieri é um grande compositor, que trabalha para o imperador. Mas sua vida muda completamente, quando entra em contato com Mozart. E desde então nutre um sentimento doentio de inveja, por conta da habilidade inigualável, deste jovem compositor; e não consegue entender como todos os talentos musicais, que sempre sonhou ter, fossem dados há um rapaz esdrúxulo, brincalhão e sem modos. Nessa empreitada, Salieri se entregará sem reservas para destruir Mozart, nem que seja necessário matar ele.

Acredito que na vida, têm muitas pessoas iguais a Salieri. Não que elas sejam invejosas e doentias, a tal ponto. Mas, dedicam sua vida inteira em busca de algo, que no fundo não vai representar um terço do esforço, no final. E se agarram nessa busca, há tal ponto, que não conseguem largar mais. Com isso perdem a beleza da vida, que passa celeremente. Não desfrutando em nada dela, pois seu tempo, que é um dos bens mais preciosos, foi gasto em busca de coisas sem valor nenhum. Essas pessoas me fazem lembrar, de uma história, que ouvi de meu tio (falecido), chamada: “O Urso e a Panela”, eis ela:

“Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. Seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida. O urso a abraçou com força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo... era o calor da tina. Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava. O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E, quando mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia. Quando os caçadores chegaram, encontraram o urso recostado a uma árvore, segurando a tina de comida. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.”


A CAIXA DE PANDORA - AUTOR ANÔNIMO

Em nossas vidas, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento e desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos.

Acredito que o nosso grande desafio na vida, é saber, discernir e reconhecer, que em certos momentos, nem sempre aquilo que julgamos que nos trará felicidade, irá trazer de fato. Logo, ter a coragem e a visão que o urso não teve, é de suma importância, para nossa própria existência. Talvez, por isso, que o rei Salomão disse: “Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte.”

Tire do seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder.

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