sábado, 17 de janeiro de 2009

A REFORMA DA NATUREZA

OLD MAN WITH HIS HEAD IN HIS HANDS (1890), de Van Gogh

Desde criança, sempre estive rodeado de livros. E invariavelmente, o escritor Monteiro Lobato, foi uma das minhas leituras prediletas. O tempo passou, e um dia desses por acaso, topei na minha biblioteca com um livro seu escondido, entre os demais. O título é: “A Reforma Da Natureza”, e como estava buscando uma obra para ler, não tive dúvidas em reler essa.

Lobato representa muito da cultura brasileira, o espírito de São Paulo e do interior, em cidades como Taubaté, além de ter tido uma enorme importância como editor, como defensor do petróleo nacional, além de ter escrito obras premonitórias.
“A Reforma Da Natureza” é genial porque a personagem principal, Emília, a marquesa de Rabicó, condessa das três estrelinhas, decidem modificar a forma que a natureza tem, já demonstrando que Lobato era um visionário da crítica da questão ecológica. Mas acontece que a idéia da errado.

Sempre me angustiou a forma, como o nosso governo trata a Amazônia. Não entra na minha cabeça, como não conseguem acabar com o desmatamento ilegal e predatório. Sua displicência é gritante. E nossa falta de ação mais ainda.

Contudo, antes de se perder em críticas e mais críticas, ao nosso governo, o que é demasiadamente fácil, creio que o verdadeiro “x” da questão é: será que nós brasileiros, realmente nos importamos com o meio ambiente? Criticar o governo, mas varrer para debaixo do tapete nossas falhas é um discurso hipócrita e falacioso. Aliás, para muitos, é mais preferível criticar a olharem para si próprios. Na realidade, creio que a reforma, deve partir de nós (brasileiros). Não permitindo se levar pela distância que existe entre o que se pensa, e o que se diz e entre o que se diz, e o que se faz de fato realmente.

Adoro a frase de Hannah Arendt, do seu livro: “Entre o Passado e o Futuro, ed. Perspectiva, pág. 223”, que diz assim: “Uma crise só se torna um desastre quando respondemos a ela com juízos pré-formados, isto é, com preconceitos. Uma atitude dessas não apenas aguça a crise como nos priva da experiência da realidade e da oportunidade por ela proporcionada à reflexão.” Em dias turbulentos, com as catástrofes da natureza, dando sinais a todos nós (exemplo recente de Santa Catarina), sobre o que estamos fazendo com ela, refletir sobre nossas ações individuais é primordial. Pois, ninguém se tenha por inocente, cada um de nós leva culpa nisso tudo.

Caso não rompamos com o status quo individual de cada um, e sejamos determinados em intervir, alterar e criar uma nova forma de lidarmos com a natureza, com novas práticas e principalmente mudando nossas posturas individuais, no dia a dia, estaremos todos em breve a beira da ruína, morte, perdas e do caos. As palavras de Hamlet: - “The time ist out of joint. Os cursed spite that ever I was born to set it right. – O tempo está fora dos eixos. O ódio maldito ter nascido para colocá-lo em ordem.” são mais ou menos verídica para cada nova geração, embora tenham adquirido talvez, desde o início de nosso século, uma validez mais persuasiva do que antes. Todavia, a grande questão é o que você e eu estamos fazendo, para mudar essa ordem?
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