sábado, 4 de fevereiro de 2012
SER OU NÃO SER ENGAJADO, EIS A QUESTÃO
Quando penso em engajamento (e seja ele de qualquer natureza) sempre me vem à mente o pensamento da grande Hannah Arendt: “A questão não é: como ou por que nos tornamos uma pessoa engajada. Mas: como pode acontecer de não o sermos?” Pensando nisso, fiz menção num post de 03/07/2011, intitulado: “De Repente: O Milagre” sobre a criação de um grupo de engajamento social: “Amigos & Amigas que andam contra o vento.”
E nossos corações estão em festa, pois nossa primeira ação social será numa comunidade que tem o menor IDH (índice de desenvolvimento humano) do estado de São Paulo, a saber: Jardim das Fontes; localizado nas imediações de Parelheiros, extremo sul de São Paulo.
Nosso projeto batizado de: Cine Betesda: Jardim das Fontes consiste em rodarmos filmes infantis para as crianças da comunidade e que já freqüentam o espaço social que a Igreja Betesda mantém no local. Lá inclusive tem instalado uma UBS (Unidade Básica de Saúde), biblioteca com cerca de mil livros e um campo de futebol, além, dos cultos que acontecem regularmente.
A primeira película será rodada em 25/02/2012, às 16h e o filme escolhido foi: Happy Feet/2006, gênero: Animação. Logo após teremos um pequeno debate reflexivo sobre as idéias e mensagens contidas no filme com as crianças. E a cada mês teremos um filme infantil para aproximarmos as crianças da 7ª arte, que é tão valiosa e rica.
Esse projeto visa utilizar o espaço da Betesda – Jardim das Fontes de São Paulo, para ser uma manifestação de vigília permanente da 7ª Arte, um fórum de discussão e memória sobre a experiência do cinema em seu aspecto fundante e mediador, aquele que concentra o foco no diálogo entre autor (e seu filme) e o telespectador.
O cinema aparece como uma das questões urgentes do momento atual da nossa sociedade, quando essa passa por mudanças tecnológicas dos parâmetros de fruição e apreciação, repercutindo nas esferas de formação, civilização e atualização de repertório de várias gerações. É preciso sugar da arte cinematográfica um novo tipo de artista: o artista cidadão. Aquele que em sua arte não revoluciona o mundo, pois não tem esse ufanismo entranhado, mas que também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Antes, porém, revoluciona a si mesmo. Um artista a serviço das comunidades, do país, e que armado da verdade, por si só, exercita a (r)evolução.
Nosso projeto cinematográfico tem uma ambição modesta: recuperar a memória de um espírito combativo e humanista da história do cinema (em que pese o travo de utopia em tempos de tantas falências), quando a 7ª Arte ainda podia ser uma festa.
O vídeo que escolhi da banda Chimarruts é sensacional; pois só não se conecta com tudo ao descrito aqui, mas, me fez repensar o conceito de fé. Aliás, segundo Kierkegaard, a fé não pode ser tida como um saber; bem ao contrário, resulta de um engajamento que opera para além das categorias da razão, ou contra a própria razão: quando Deus lhe pede que sacrifique o filho, Abraão conserva sua fé em Deus, apesar do absurdo e da crueldade dessa demanda. A fé é um engajamento total que implica certa forma de um salto para além da razão e da ética. A verdade não se encontra nas argumentações conceituais, mas nesse engajamento da subjetividade: “A subjetividade é a verdade” disse o pensador dinamarquês no seu livro: “Post-scriptum às migalhas filosóficas” ed. Gallimard, 1949, p.138.
Essa é a minha busca da fé, que quero levar para a minha vida toda...
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