quinta-feira, 19 de julho de 2012

CRÔNICAS DE LUANA CALDAS: HISTÓRIAS PARA QUEM GOSTA DE PENSAR


SEM NOME, DE EVGENIJA GAPCHINSKAJA


Certo dia uma linda Andorinha que adorava analisar as conversas alheias, voava docemente pela floresta e ao pousar num lindo Ipê amarelo, pode ouvir uma conversa interessante entre o Azulão e o Tiê, que estavam a apenas alguns galhos abaixo do seu. Os dois pássaros discutiam sobre os seres humanos.

- Amigo Tiê, já reparou como os seres humanos adoram copiar os ditos bem sucedidos? Ou a última moda? O último tênis de marca, último celular? E por aí vai.

- Já reparei sim Azulão. Às vezes penso que eles são meros fantoches nas mãos do que as campanhas de marketing lhes oferece; já que estão ávidas para lhes empurrar sua última novidade goela abaixo.

- Mas será Tiê, que eles realmente precisam do último carro? Da última novidade tecnológica? Do último modelo de calça jeans?

- Creio que não Azulão. A grande maioria nem realmente chega a pensar no que estão comprando. Compram apenas para se sentirem parte de um “grupo”.

- Ou será que são invejosos por natureza? Disse com ar de arguto pensador o Azulão.

Depois de muito pensar, finalmente o Tiê abriu o bico:

- Sabe de uma coisa, é notório que se não tiverem inveja os seres humanos, se conseguirem encontrar felicidade nas coisas que possuem, serão mais felizes e por isso trabalharam menos e compraram menos. O que é mau para o “progresso” por isso é preciso que seus olhos dancem a dança terrível, que vai do que o outro tem para aquilo que possuem. É preciso que sejam infelizes, pois os que têm inveja trabalham mais, o infeliz corre mais atrás das coisas; e assim vivem num eterno círculo vicioso sem fim.

Enquanto isso a Andorinha pensava com seus botões:

- Mas será que um dia os humanos irão entender isso? Ou seja, tudo está voltado para o consumo e o ser humano acaba se consumindo nessa história!

E continuava a pensar...

Bateu asas e voava pelo céu de infinito azul, procurando uma conversa alheia para refletir...

***
PS. Contos de Luana são escritos a quatro mãos: Filha e Pai.

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