O PEQUENO PARISIENSE, PARIS, FRANÇA (1952) DE WILLY RONIS
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo
necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos
viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não
importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da
vida que já se acabaram.
- Foi despedido do trabalho?
- Terminou uma relação?
- Deixou a casa dos pais?
- Partiu para viver em outro país?
- A amizade tão longamente cultivada desapareceu
sem explicações?
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não
entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e
sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais,
seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão
encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao
ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem
mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos,
adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais,
amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a
menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas
realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir
recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os
livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível,
do que está acontecendo em nosso coração desfazer-se de certas lembranças
significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar.
Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas
marcadas, portanto às vezes ganhamos, às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu
esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo
programa que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará
apenas envenenando e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são
aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões
que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo:
diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo,
sem aquela pessoa nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito
importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade,
ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua
vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem
és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu
és...
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado pelo retorno Serva Mara, fico imensamente feliz...
ResponderExcluir