segunda-feira, 7 de abril de 2014

CRÔNICAS AVULSAS: A 8ª ARTE SOMOS NÓS

 
8ª Arte somos nós? Pode soar pretencioso, mas – não é. O cinema, designado como a “7º Arte” foi iniciado socialmente em 28 de dezembro de 1895. Nesse momento, os irmãos Lumière exibiram um filme para espectadores: a saída dos operários de uma fábrica em Lyon, entre outras produções. De lá para cá, evoluímos muito e a arte cinematográfica ganhou proporções mundiais.
Mas quem seria a sucessora da 7ª Arte? Gosto de um artista chileno, chamado Gonzalo Mezza, que brilhantemente deu uma definição para o que nós blogueiros, fazemos na internet:
“Arte é informação liberada, o ciberespaço Internet é um novo estado da matéria numérica, mas a cultura digital acontece nessa terceira margem ou dimensão infinita, que denomino Oitava arte.”
Creio que em nossas “páginas” dos blogs temos um espaço para registro de idéias. Textos são o infinito em que a criatividade funde-se a um mundo de possibilidades; um ponto nunca é um ponto final: é a abertura da surpresa contida na próxima frase ou um convite a uma expressão gráfica daquilo que está em nossas mentes.
É por meio destas páginas que todos nós fazemos um convite aos nossos leitores dos mais desafiadores; pois o limite da criatividade não está no fim da folha/página do blog, quando se encerra um post: se ele existir, ele estará em nossos (leitores) a quem pedimos para ser extrapolado. Logo, os nossos leitores devem persistirem na busca do inovador, do diferente. A nossa iniciativa é como nos expressamos nos textos: pois criamos diálogos e, com diálogos, novos mundos.
E no último dia 05 de Abril de 2014, pude presenciar vários mundos no IV Encontro de Blogs de Letras, mundos que antes nunca foram sonhados, onde por exemplo uma escritora do dito “interior – odeio esse termo” pode se conectar com milhões de pessoas no ciberespaço: Internet. Me refiro a Bruna Vieira, que possui números incontestáveis de fãs pelo Brasil inteiro; e que através dos próprios sofrimentos que teve – ousou os universalizar com o mundo, e assim se aproximou ainda mais das pessoas. E numa era onde pessoas “fake” grassam pela internet, termos a certeza de que expor nossas dores – não é um sinal de inferioridade, pelo contrário, como dizia o Apóstolo dos gentios: “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” Ouvir seu relato da mãe que tinha uma filha que sofria de esclerose múltipla, e que era sua fã, foi comovente, e creio que nos fez refletir sobre o que todos nós podemos fazer com nossos blogs.
Hoje, enquanto deitava essas palavras finais nesse post, me lembrei da Simone de Beauvoir, no seu excelente texto – Escrever para superar a dor, que comungo aqui:
“Nos períodos difíceis da minha vida, rabiscar frases – ainda que nunca venham a ser lidas por ninguém – traz o mesmo reconforto que a reza para quem tem fé: através da linguagem ultrapasso meu caso particular, comungo com toda a humanidade.

Toda dor dilacera; mas o que a torna intolerável é que quem a sente tem a impressão de estar separado do resto do mundo; partilhada, ela ao menos deixa de ser um exílio.

Não é por deleite, por exibicionismo, por provocação que muitas vezes os escritores relatam experiências terríveis ou desoladoras: por intermédio das palavras, eles as universalizam e permitem que os leitores conheçam, em seus sofrimentos individuais, os consolos da fraternidade.
Em minha opinião, essa é uma das funções essenciais da literatura, e o que a torna insubstituível: superar a solidão que é comum a todos nós e que, no entanto, faz com que nos tornemos estranhos uns aos outros.”
***
P.S. Não poderia esquecer de agradecer ao: Sérgio Pavarini e Cassia Carrenho, por essa iniciativa ímpar: unir os diversos “mundos” de blogs num evento, em que nos aproximamos das editoras! O meu muito obrigado também a Editora Gutenberg, que esteve presente nesse evento e que brilhantemente acredita e publica autores: brasileiros! 

2 comentários:

  1. Sérgio Pavarini

    texto lindo, marcelo!

    vou replicar no "livros e pessoas".

    abraço

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  2. Excelente texto, adorei a referência à Simone de Beauvoir!
    Beijos

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