Acabo de ler o
livro: “Fernando Sabino e Clarice
Lispector – Cartas perto do coração” confesso que fiquei surpreso com o
grau de amizade de ambos no livro. Uma amizade que não vejo lastro no dias
hoje, pelo menos em minha vida. A cumplicidade literária então de ambos, nem se
fala – pois sobeja nas páginas. Tudo tão lírico e amável! Fiquei com uma inveja
boa, se é que isso lá exista...
Impossível não
ler o livro e não notar as dificuldades que ambos vão passando em suas
respectivas vidas, a Clarice Lispector vive com uma melancolia entranhada, que às
vezes nos dá a sensação de que iria atentar contra a sua própria vida. Já o
Fernando Sabino, enfrentando seus problemas de separação. Em ambos, contudo,
algo em comum perpassa todo o livro: o desejo de escrever e amizade recíproca.
Esse desejo da escrita, sempre é muito comum a ambos, embora cada um em seus respectivos
momentos de vida vão escrevendo como podem – hora prolíficos, hora estagnados. Estarrecidos
com a própria inércia. A única coisa que não esmorece nunca em ambos é a
amizade mútua.
A vida não titubeia
e nem sempre ela é aceitável ou justa. No fundo todos nós teremos de lidar com
nossos demônios internos, mais cedo ou mais tarde. Dependendo da época isso é
mais presente, ou mais ameno. No desenrolar do livro, vemos como cada um vai
agindo diante dos reveses da vida que enfrentam.
Fiquei extremamente
feliz ao ver em ambos, que não sou o único, que quando as coisas chegam a
níveis insuportáveis, a verve criadora literária tende a ir parando. Não estou
só. Isso me reconfortou.
Mas em pleno
século 21, seria possível ter uma amizade tão cúmplice assim? Como na vida de
ambos: Clarice e Fernando – no livro? Sinceramente, e falando por mim mesmo –
não sei. Depois que a pessoa que eu considerava o meu melhor amigo, por motivos
mesquinhos, colocou nossa amizade em cheque, tudo ruiu. Não creio mais em
amizades duradouras. Não quero ser aqui o carrancudo da hora, e apontar o dedo
em riste e dizer: que isso não existe. Creio sim, que até exista. Mas, o que mais vejo
em diversas relações é o mais puro jogo de interesses, coisas como: o que eu
ganho se lhe ajudar? E por ai vai, degringolando para o pior... Como minha mãe
dizia: “Amigos você não perde, descobre
que nunca teve!” Sábias palavras.
Mas ainda
resta uma esperança, que rebrilha em meio às pedrinhas cheias de limbo dos
interesses escusos. Ainda acredito na amizade. Só não tenho uma de verdade, mas
acredito...
Como disse
Clarice numa carta ao Fernando, datada de 1959 de Washington, D.C:
“Mas a amizade é a mesma, talvez mesmo maior.”Que sabe um dia não volte a ser privilegiado com esse dom: amizade. Por hora - resta viver, recolher os cacos e esperar...
***
Eu acredito em amizades sinceras, veraddeira e duradouras. Tenho poucos, muito poucos que não preenchem os 10 dedos das minhas mãos, mas, tenho. Adorei amor sua crônica. Um beijo!
ResponderExcluirAlexandra Collazo