O
imortal Vinicius de Morais já dizia: “A
vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. E no
dia 13 de fevereiro desse mês e ano corrente, eu fui presenteado por um belo
encontro. Ele aconteceu na Casa Elefante e foi o meu primeiro dia no Grupo de Estudos – Construindo sua Poética,
grupo esse de fotógrafos. E tudo graças ao meu amigo Ricardo Biserra, que
generosamente me estendeu esse convite, já que não passo de um diletante em
termos de fotografia.
Ao
longo da história tivemos encontros celebres e eu poderia citar vários, mas me
aterei apenas em um – que foi entre Freud e Jung. Antes do encontro que foi em
1907, eles já tinham trocados 359 cartas e ambos já tinham conhecimento da obra
um do outro.
E
finalmente em 1907 Jung foi da Suíça até a Áustria a convite de Freud e eles
tiveram o primeiro contato presencial, que
resultou numa conversa de 13 horas ininterruptas.
O
meu primeiro dia de curso não foi diferente, pois se deixássemos – creio que
iríamos varar a noite adentro falando de fotografias, estilos, olhares,
composições e fotógrafos que temos por referência e que amamos. É como se no
ambiente pairasse um ar inebriante de magia, satisfação, amizade, respeito e
principalmente de muito amor pela arte da fotografia.
Lembro
que fazia um calor absurdo (mesmo sendo de noite) e pela manhã nesse mesmo dia,
São Paulo fez 36º graus. E de noite não poderia ser diferente, contudo, ninguém
reclamou ou arredou o pé e nos mantivermos firmes até o fim.
Já
no caminho de volta para casa, fui pensando em tudo que ouvi e vi ali, nos
conselhos e dicas – que todos deram. E a arte tem esse poder mesmo, ou seja, de
reunir em volta de si os seus amantes. E uma coisa que sempre passou despercebida
por mim é que podemos construir a nossa linguagem poética fotográfica numa seqüência
de fotos que estão atreladas ao tema. Acredito que pelo uso constante do meu
Instagram, que sempre faço fotos de momentos soltos e sem vínculo aparente
entre si, nunca tenha reparado nisso.
Creio
que esse insight falado claramente pela Carol Lopes foi iluminador para mim. E
foi a mesma sensação que Gabriel García Márquez teve ao terminar de ler o
livro: “Metamorfose” de Franz Kafka, quando ele disse para si mesmo: “Porra!
Então se pode escrever assim?”. E depois disso deu início a sua obra
literária, alcançando seu ponto máximo com “Cem Anos de Solidão”. E esse também
foi o mesmo sentimento que se apoderou de mim – ali na hora do curso.
Creio
que a verdadeira arte não embala os adormecidos. Desperta-os. E nós – os
artistas, somos a última linha da sociedade, quando desistimos é porque não
resta mais nada. Fico feliz de estar entre amigos artistas que não desistiram,
ainda que no Brasil infelizmente a arte e a valorização dela seja tão precária.
Desde
que comecei a fotografar, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que um
fotógrafo pode dizer através de sua obra, numa época de atrocidades e
injustiças como a nossa, é trazer luz sobre a realidade do nosso mundo,
evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e
aos tiranos. Sim, segurar em punho e em riste nossas câmeras, a despeito da
náusea e do horror. Se não tivermos câmeras, usemos nossos celulares ou, em
último caso, um daguerreótipo – como um sinal de que não desertemos do nosso
posto.
***
PS.
A foto que compõe essa crônica foi feita por mim, e caso queira conhecer
outras, acesse meu Instagram: @marcelo.caldas7
Viver encontros artísticos é uma experiência pela qual todos deveriam passar. ♥
ResponderExcluirBeijos,
Fê
Algumas Observações
Oi Fê, sem sombra de variação. Obrigado pela visita. Beijos.
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